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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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Do seu lugar, cuja configuração movente lhe permite ancorar e<br />

<strong>de</strong>sancorar suas traduções presentes e diluídas nos feitos rememorados,<br />

fala também do atual contexto cultural <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>, atravessado por<br />

i<strong>de</strong>ntificações étnicas, gauchismos e festivida<strong>de</strong>s urbanas.<br />

A entrevista foi a mais longa que realizei, pouco mais <strong>de</strong> quatro<br />

horas. Derivações temáticas suscitaram questionamentos mútuos.<br />

Destaco aqui os sentidos que o Sr. Charles atribuiu ao porquê e para<br />

que <strong>de</strong>senvolver políticas voltadas à preservação <strong>de</strong> memórias plurais<br />

e do patrimônio cultural <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>, já que é um fragmento narrativo<br />

carregado por concepções sobre diversida<strong>de</strong> cultural e diferença.<br />

Segundo pensa, a política preservacionista dos últimos anos em<br />

<strong>Joinville</strong> é resultado da “vonta<strong>de</strong> política” <strong>de</strong> governos municipais, os<br />

quais mesmo com gran<strong>de</strong>s dificulda<strong>de</strong>s investiram em quadros técnicos<br />

e na concessão <strong>de</strong> recursos para aten<strong>de</strong>r a anseios “<strong>de</strong> <strong>uma</strong> série <strong>de</strong><br />

segmentos da cida<strong>de</strong>”. Ao questioná-lo sobre a dimensão <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>sejo<br />

coletivo <strong>de</strong> preservação, o Sr. Charles <strong>de</strong>clarou ter dúvidas sobre “até<br />

que ponto há essa conscientização” mais ampla. Contudo o processo<br />

foi <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ado, ainda que poucos tenham “<strong>uma</strong> noção clara” do quão<br />

fundamental é preservar para que as pessoas <strong>de</strong>senvolvam “sentimentos<br />

<strong>de</strong> pertencimento e <strong>de</strong> [re]criação da cida<strong>de</strong>”.<br />

No seu ponto <strong>de</strong> vista, tratar-se-ia, então, <strong>de</strong> cultivar passados<br />

presentes restritos a práticas e representações <strong>de</strong> parcela ainda limitada<br />

da população e, sobretudo, para o futuro <strong>de</strong> <strong>uma</strong> maioria que ainda não<br />

está consciente <strong>de</strong> seus esquecimentos coletivos ou mesmo sensível aos<br />

seus vazios i<strong>de</strong>ntitários.<br />

Sobre o projeto da “Estação da Memória” 139 , conta que ainda no<br />

governo municipal <strong>de</strong> Luiz Henrique da Silveira foram <strong>de</strong>senvolvidas as<br />

primeiras ações para viabilizar o restauro da antiga estação ferroviária.<br />

Na época, pensava-se em transformar o espaço n<strong>uma</strong> “estação da<br />

139 A Estação da Memória “foi inaugurada em 24 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2008” e era entendida como <strong>uma</strong>s<br />

das gran<strong>de</strong>s realizações culturais do então prefeito Marco Antônio Tebaldi e <strong>de</strong> seu vice Rodrigo<br />

Bornholdt, que também ocupava o cargo <strong>de</strong> presi<strong>de</strong>nte da Fundação Cultural <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>. Na<br />

véspera da inauguração, Tebaldi enunciava que “a estação é um equipamento importante que<br />

registra a história e o crescimento da cida<strong>de</strong>. A restauração <strong>de</strong>morou mais do que prevíamos,<br />

em função do trabalho complexo e minucioso que foi feito aqui”. Complementando-o, o<br />

então vice-prefeito orgulhava-se do sucesso na fusão do antigo ao mo<strong>de</strong>rno é já anunciava<br />

que a edificação seria “um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> como um prédio histórico e tombado po<strong>de</strong> abranger<br />

toda a estrutura necessária da vida mo<strong>de</strong>rna, com entradas para ar condicionado, re<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

TV a cabo, internet, telefone e outros”. ESTAÇÃO da Memória! <strong>Joinville</strong> ganha <strong>uma</strong> nova<br />

estação ferroviária. <strong>Joinville</strong>, 23 abr. 2008. Disponível em: . Acesso em: 20 mar. <strong>2010</strong>.

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