08.05.2013 Views

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

316<br />

que presenciou sua afronta ao empresário joinvilense invasor <strong>de</strong> terras<br />

<strong>uma</strong> inscrição paga para o vestibular do curso <strong>de</strong> agronomia da UFSC.<br />

Foi aprovado e durante os anos <strong>de</strong> faculda<strong>de</strong> construiu e moveu <strong>uma</strong><br />

nova trama agora entrelaçada à homossexualida<strong>de</strong>.<br />

Vivia entre Florianópolis e <strong>Joinville</strong>. No curso <strong>de</strong> sua formação<br />

superior não <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> lado as artes plásticas. Participou <strong>de</strong> várias<br />

exposições locais, regionais e nacionais com obras que inicialmente<br />

tiveram como tema os contrastes e as contradições urbanas e,<br />

posteriormente, voltou-se a produzir <strong>uma</strong> arte crítica envolvendo<br />

problemáticas relacionadas à sexualida<strong>de</strong>. Diz ele que “os eternos<br />

conflitos entre dor e prazer” são a marca do conjunto <strong>de</strong> sua obra:<br />

[...] no começo, naquela fase mais ingênua dos anos<br />

80, eu ainda abordava questões mais sutis, aí na<br />

primeira exposição em Florianópolis eu já abor<strong>de</strong>i,<br />

<strong>de</strong> certa forma, a questão da sexualida<strong>de</strong>, mas no<br />

meio <strong>de</strong> <strong>uma</strong> série <strong>de</strong> questões que eu questionava<br />

em relação à socieda<strong>de</strong> como um todo 136 .<br />

Ao concluir o curso superior, lembra que, ironicamente, recebeu<br />

e aceitou um convite para ocupar um cargo público <strong>de</strong> gestão artística,<br />

distante, portanto, <strong>de</strong> suas cre<strong>de</strong>nciais acadêmicas. A política estatal<br />

passou então a ser fonte <strong>de</strong> renda, sobrevivência e embates.<br />

Inúmeros acontecimentos narrados explicitam sua eclética<br />

e <strong>de</strong>slizante trajetória. Ao fundo, vislumbram-se os processos<br />

<strong>de</strong> pertencimentos construídos e <strong>de</strong>sconstruídos sob múltiplas<br />

circunstâncias. Interessante a observar em sua narrativa é que o direito<br />

à diferença sexual ora tangencia ora concentra os sentidos do narrado,<br />

mas envolve direta ou indiretamente o seu lugar no presente, referência<br />

para suas reivindicações e seus <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> arte, <strong>de</strong> cultura, <strong>de</strong> cidadania,<br />

<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> joinvilense.<br />

Como agente governamental <strong>de</strong> gestão cultural, foi recentemente<br />

acusado publicamente <strong>de</strong> fazer uso político do seu lugar para afirmação<br />

da homossexualida<strong>de</strong> como direito a ser exposto e respeitado em<br />

<strong>Joinville</strong>. Afirmando que também se questionou sobre isso, <strong>de</strong>senvolve<br />

argumentos que buscam legitimar seu posicionamento, estabelecendo<br />

<strong>uma</strong> coerência entre eles e o programa do partido político do prefeito<br />

que presta sua função. Mesmo não sendo o seu partido político, ressalta<br />

que o PT é o único que formaliza os compromissos com os direitos <strong>de</strong><br />

cidadania negados aos homossexuais. Diz:<br />

136 NARLOCH, Charles. Op. cit.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!