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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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309<br />

Nós começamos a buscar a relação <strong>de</strong> documentos<br />

que era necessário; “ah, precisa plebiscito”, mas<br />

pra que esse plebiscito ocorra, o que precisa?<br />

Precisa o abaixo-assinado <strong>de</strong> tantas pessoas.<br />

Como que se faz esse abaixo-assinado? Não,<br />

tem que ter, tem que ser com pessoas que tenha<br />

firma registrada, porque tem que ser reconhecido<br />

em cartório. Então foi levantar, fomos levantando<br />

aquilo ali, né? Claro, combinando com o padre,<br />

com o A<strong>de</strong>lor Vieira 118 , com... um... que... era<br />

presi<strong>de</strong>nte do Sindicato dos Metalúrgicos, tinha<br />

o Bil que tinha <strong>uma</strong> olaria aqui na frente, tinha o<br />

João Fachini 119 . Então não era coisa <strong>de</strong> um partido<br />

político 120 .<br />

A persistência ressaltada pelo Sr. Rosalino po<strong>de</strong> ser comprovada<br />

ao se consi<strong>de</strong>rar que somente em 1992 o governo do estado sancionou<br />

a lei <strong>de</strong> anexação. A criação do bairro, por sua vez, ocorreu apenas<br />

em 1997 121 .<br />

Na interpretação da entrevista do Sr. Rosalino, é possível<br />

perceber seu esforço para organizar, enca<strong>de</strong>ar e dar coesão aos inúmeros<br />

acontecimentos narrados. Porém, quando o relato alu<strong>de</strong> as suas próprias<br />

experiências, o or<strong>de</strong>namento <strong>de</strong>sejado é involuntariamente traído.<br />

Nesses momentos, os fatos explicitam-se como feitos (astutamente)<br />

empreendidos e esquadrinhados, segundo o alogismo <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s,<br />

incertezas e oportunida<strong>de</strong>s emergentes das próprias vivências cotidianas.<br />

Vejamos.<br />

O Sr. Rosalino atribuiu <strong>de</strong> forma escorregadia e múltipla o<br />

que no passado do bairro foi consi<strong>de</strong>rado como “priorida<strong>de</strong> número<br />

1”. Escapava-lhe o fato <strong>de</strong> que, mais do que estabelecer coesão entre<br />

sociabilida<strong>de</strong>s, acontecimentos e espaço para garantir os vínculos <strong>de</strong>stes<br />

com o território, a narrativa sobre suas experiências e maneiras <strong>de</strong> fazer<br />

118 Na época vereador <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong> pelo Partido da Frente Liberal.<br />

119 Na época também vereador pelo Partido dos Trabalhadores.<br />

120 SANTOS, Rosalino A. Op. cit.<br />

121 É importante <strong>de</strong>stacar que “o Jardim Paraíso pertencia ao município <strong>de</strong> São Francisco do<br />

Sul até 6 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1992, quando o governador Vilson Pedro Kleinübing, através da Lei<br />

8.563, o anexou ao município <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>, aten<strong>de</strong>ndo resultado <strong>de</strong> plebiscito acontecido em<br />

março <strong>de</strong>ste ano. A <strong>de</strong>nominação ‘Jardim Paraíso’ foi dada pela imobiliária responsável pelo<br />

loteamento”. Contudo salienta-se que foi somente com a Lei n.º 3.508, <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />

1997, que a municipalida<strong>de</strong> o instituiu oficialmente como um bairro joinvilense. PREFEITURA<br />

MUNICIPAL DE JOINVILLE. Op. cit.

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