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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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Diante disso, consi<strong>de</strong>rar “<strong>Joinville</strong> <strong>uma</strong> cida<strong>de</strong> alemã”<br />

enquanto representação seria partir da problemática <strong>de</strong> como, quais<br />

formas, discursos e imagens, quais práticas e significados os sujeitos<br />

manifestaram em relação a ela <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos <strong>1980</strong>. Nesse processo,<br />

a investigação enunciou polissemias, usos e apropriações variadas,<br />

<strong>de</strong>svios interpretativos e <strong>de</strong>slocamentos <strong>de</strong> fronteiras <strong>de</strong> dominação, que<br />

<strong>de</strong>ixaram ver como as diferenças culturais foram produzidas, percebidas,<br />

acordadas e/ou negadas pelos moradores <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>.<br />

Nesse processo <strong>de</strong> trama, entrelace e invenção foi possível ainda<br />

problematizar as operações e as transformações que fissuraram a<br />

representação univocamente alemã <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong> e conspiraram contra ela<br />

a partir da meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> 1990. É nesse momento que começam a<br />

ganhar eco representações da cida<strong>de</strong> como “palco da diversida<strong>de</strong> étnica<br />

e cultural”. Como e quais discursos e práticas atribuíam sentidos a essa<br />

mudança? Quais termos e interpretações promoviam o reconhecimento<br />

e a proclamação <strong>de</strong>ssa diversida<strong>de</strong>? Quais as invenções urbanas que<br />

atravessavam a cida<strong>de</strong>, quer na materialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas formas, quer nas<br />

marcas <strong>de</strong> suas sociabilida<strong>de</strong>s, quer nos sentimentos <strong>de</strong> pertencimento<br />

em relação a ela?<br />

Nessa paisagem <strong>de</strong> pesquisa procuro travar diálogos com<br />

estudiosos <strong>de</strong> diferentes áreas do saber, ainda que a historiografia<br />

joinvilense ganhe especial atenção. Lido com um volume expressivo<br />

<strong>de</strong> documentos <strong>de</strong> arquivo e busco também interpretar outras vozes:<br />

narradores com suas histórias <strong>de</strong> chegada e <strong>de</strong> paragem em <strong>Joinville</strong>. A<br />

análise procura, assim, abordar e discutir a cida<strong>de</strong> menos como formação<br />

<strong>de</strong> aglomerado h<strong>uma</strong>no e mais como território por on<strong>de</strong> se entrelaçam<br />

experiências e narrativas <strong>de</strong> tempos cruzados e espaços diversos.<br />

O trabalho está organizado em três capítulos que se interligam<br />

com base na problemática sobre as práticas e representações culturais<br />

relacionadas aos fluxos migratórios e aos <strong>migrante</strong>s nas transformações<br />

culturais vivenciadas no cotidiano urbano joinvilense entre os anos <strong>de</strong><br />

<strong>1980</strong> e 2009.<br />

No primeiro capítulo – a diversida<strong>de</strong> como espetáculo: <strong>Joinville</strong><br />

n<strong>uma</strong> vitrine viva e estilhaçada –, aproprio-me do objeto festa para<br />

discutir as representações sobre o passado urbano que configuram os usos<br />

da memória e da história na cida<strong>de</strong> contemporânea. A porta <strong>de</strong> entrada é<br />

a Festa das Tradições, evento <strong>de</strong> espetacularização étnica promovido pelo

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