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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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e institucional, procura significar positivamente as mudanças operadas<br />

e as adjetivações da empresa do presente. Destaca que o legado dos<br />

administradores do passado foi a “cultura da inovação” e não o estilo <strong>de</strong><br />

gestão autoritária e que o regime <strong>de</strong> competência substituiu o regime <strong>de</strong><br />

apadrinhamento étnico. A sua narrativa alu<strong>de</strong> a disputas e negociações<br />

intrigantes e até então pouco conhecidas, permitindo problematizar o<br />

que está além do Sr. Gue<strong>de</strong>s como sujeito e da fábrica como referência<br />

<strong>de</strong> sua subjetivida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> suas sociabilida<strong>de</strong>s.<br />

Constata que as gran<strong>de</strong>s empresas joinvilenses não são mais<br />

controladas por joinvilenses. Lembrando que o atual presi<strong>de</strong>nte da<br />

Tupy é “estrangeiro”, ou seja, <strong>migrante</strong> como ele, e que “<strong>Joinville</strong> é<br />

o que é hoje por causa dos <strong>migrante</strong>s”, sugere que alg<strong>uma</strong>s entida<strong>de</strong>s<br />

empresariais e assistenciais representam, sobretudo, o passado <strong>de</strong><br />

<strong>Joinville</strong>. Nelas e por elas, alguns empresários se envai<strong>de</strong>cem e são<br />

envai<strong>de</strong>cidos muito mais pelo sobrenome que ostentam e menos pela<br />

expressivida<strong>de</strong> e abrangência econômica dos seus negócios. Parece-me,<br />

pela narrativa do Sr. Gue<strong>de</strong>s, que o que também está em jogo são as<br />

facilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aproximação e articulação entre empresários e políticos<br />

da região. Nesse jogo, alguns po<strong>de</strong>riam obter benefícios em projetos<br />

voltados mais aos interesses próprios e menos ao “bem comum”.<br />

Afirma que a “globalização das empresas locais”, o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento tecnológico <strong>de</strong>las e o fomento à competitivida<strong>de</strong> entre<br />

as pessoas com base na formação e qualificação profissional continuada<br />

foram lógicas introduzidas pelos gestores <strong>migrante</strong>s. Fundamenta sua<br />

<strong>de</strong>fesa ressaltando a implantação <strong>de</strong> um regime <strong>de</strong> competência na<br />

própria Tupy. Na época que chegou era<br />

<strong>uma</strong> empresa sólida, cinco vezes menor do que<br />

ela é hoje [...]. Tinha, talvez, vinte vezes mais<br />

executivos do que tem hoje [...], <strong>uma</strong> frota só <strong>de</strong><br />

carros e motoristas particulares para diretores.<br />

Quando ela <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser familiar, ela se<br />

profissionalizou, as coisas foram mudando. As<br />

cobranças que vieram dos gestores, dos acionistas,<br />

as metas passaram a ser mais arrojadas 92 .<br />

As avaliações e os posicionamentos do Sr. Gue<strong>de</strong>s sinalizam<br />

questões que consi<strong>de</strong>ro extremamente importantes. Em primeiro lugar,<br />

permitem recolocar a etnicida<strong>de</strong> como referência ainda acionada para<br />

92 GUEDES, Luis Carlos. Op. cit.

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