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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> apoio à migração e às memórias <strong>de</strong> chegada. Na segunda parte,<br />

as questões procuram suscitar memórias sobre as vivências urbanas, os<br />

processos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação, as opiniões sobre o significado da migração<br />

no presente e as mudanças acerca das representações históricas e<br />

culturais sobre <strong>Joinville</strong>.<br />

Como se vê, embora o roteiro tenha por base um tema específico,<br />

ele provoca a rememoração <strong>de</strong> histórias <strong>de</strong> vida, o que acabou resultando<br />

em narrativas <strong>de</strong> até quatro horas. O maior tempo dispensado às audições<br />

e transcrições foi, por outro lado, compensado pela facilitação para a<br />

análise comparativa e interpretação dos assuntos abordados nas narrativas.<br />

Por isso, não é o todo narrado que procuro extenuar por citações, mas<br />

passagens significativas que me permitem compor historiograficamente<br />

a intriga histórica focalizada no tema da pesquisa.<br />

É preciso <strong>de</strong>stacar que foram feitas várias adaptações do roteiro<br />

geral, à medida que os primeiros contatos com os entrevistados forneciam<br />

elementos para abordagem <strong>de</strong> assuntos específicos. O roteiro da entrevista<br />

com o Sr. Silvestre Ferreira é um exemplo. Migrante <strong>de</strong> Apiúna (médio<br />

Vale do Itajaí) 51 , o Sr. Silvestre escreveu e dirigiu <strong>uma</strong> peça teatral<br />

exibida em diferentes espaços da cida<strong>de</strong> a partir <strong>de</strong> 2007. Migrantes<br />

traz personagens com características fortemente inspiradas no processo<br />

migratório recente e, à altura da meta<strong>de</strong> do espetáculo, interrompe-se<br />

a encenação para estabelecer um diálogo com os espectadores, com<br />

base nas possíveis memórias <strong>de</strong> migração que estes possuem. Nas duas<br />

apresentações <strong>de</strong> que tive oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participar, várias pessoas se<br />

manifestaram e, ao evocarem suas memórias, procuravam imprimir <strong>uma</strong><br />

verossimilhança ao texto teatral. O roteiro da entrevista do Sr. Silvestre<br />

foi cuidadosamente adaptado para explorar a sua trajetória <strong>de</strong> <strong>migrante</strong><br />

e o significado <strong>de</strong>la na produção da peça.<br />

Por fim, é preciso explicitar alg<strong>uma</strong>s questões, carregadas <strong>de</strong><br />

aprendizado, que emergiram quando da análise e interpretação das<br />

narrativas, e elas dizem respeito ao próprio título escolhido para o<br />

capítulo.<br />

Ao finalizar cada entrevista, julgava <strong>de</strong> maneira precoce e<br />

<strong>de</strong>scuidada a sua pertinência para o estudo. As “mais pertinentes” eram<br />

aquelas cujos narradores, no trabalho da palavra, produziam enredos<br />

coesos e ca<strong>de</strong>nciados, com poucas lacunas, intensos em <strong>de</strong>talhes<br />

51 Apiúna foi emancipada <strong>de</strong> Indaial em 4 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1988, pela Lei Municipal n.º 1.100, e<br />

o município foi instalado em 1.º <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1989. Conforme informações extraídas do sítio<br />

eletrônico da prefeitura, possui <strong>uma</strong> população <strong>de</strong> 10.720 habitantes. Disponível em: . Acesso em: 16 mar. <strong>2010</strong>.

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