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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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como um morador que chegou em <strong>1980</strong> e participou episodicamente da<br />

fundação da igreja, do movimento <strong>de</strong> anexação do bairro a <strong>Joinville</strong> 47 e<br />

<strong>de</strong> outros acontecimentos por ele consi<strong>de</strong>rados relevantes (pavimentação<br />

das principais vias, construção <strong>de</strong> <strong>uma</strong> ponte sobre o Rio Cubatão e<br />

<strong>de</strong> um posto policial).<br />

Outra moradora, a Sra. Ana Rosa Sennes, foi entrevistada<br />

não por seus vínculos com a igreja, que apenas na entrevista foram<br />

conhecidos, mas pelo fato <strong>de</strong> ser <strong>uma</strong> mulher <strong>migrante</strong> que se instalou<br />

no Jardim Paraíso também em <strong>1980</strong> e, a distância, vivenciou os<br />

movimentos relatados pelo Sr. Rosalino. Outra re<strong>de</strong> <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong><br />

– a <strong>de</strong> vizinhança – levou-me a conhecer a Sra. Ana Rosa. Conversando<br />

com alguns moradores, solicitei indicação <strong>de</strong> possíveis entrevistados<br />

com base no critério <strong>de</strong> gênero e período <strong>de</strong> migração. Uma lista tão<br />

rápida quanto extensa foi provi<strong>de</strong>nciada. Assim, os dois entrevistados<br />

foram selecionados pelas possibilida<strong>de</strong>s que vislumbrei para, com base<br />

em suas narrativas, refletir e discutir a complexida<strong>de</strong> que envolve as<br />

representações e vivências da migração e as diferenças e i<strong>de</strong>ntificações<br />

urbanas circunscritas na geografia <strong>de</strong> um mesmo bairro.<br />

Ao todo foram realizadas 26 entrevistas 48 , das quais apenas<br />

<strong>uma</strong> foi interditada e, consequentemente, <strong>de</strong>volvida ao entrevistado 49 .<br />

Difícil também foi o enquadramento do roteiro geral que elaborei,<br />

tendo em vista as <strong>de</strong>finições mais comuns sobre os tipos <strong>de</strong> entrevistas<br />

realizáveis pela história oral: temáticas ou <strong>de</strong> história <strong>de</strong> vida 50 . Tendo<br />

como foco os temas migração e transformações urbanas, o roteiro foi<br />

organizado <strong>de</strong> forma a suscitar, em primeiro lugar, as memórias sobre<br />

as travessias. Assim, as perguntas referem-se às trajetórias <strong>de</strong> vida até<br />

o estabelecimento em <strong>Joinville</strong>, as razões <strong>de</strong> escolha, as condições e as<br />

47 A região que engloba o Jardim Paraíso era pertencente ao município <strong>de</strong> São Francisco do<br />

Sul. Rosalino adota o ano <strong>de</strong> 1987 como marco histórico <strong>de</strong> <strong>de</strong>smembramento e anexação do<br />

bairro a <strong>Joinville</strong>, embora a Lei Estadual 8.563, relativa à anexação, tenha sido sancionada<br />

apenas em 1992. O ano <strong>de</strong> 1987 é carregado <strong>de</strong> importância para o Sr. Rosalino, porque foi<br />

nessa época que os moradores começaram a se mobilizar e, atuando <strong>de</strong> maneira mais efetiva,<br />

já passaram a vislumbrar o bairro não como fronteira pertencente a São Francisco do Sul,<br />

mas lugar <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>.<br />

48 Estão aí totalizadas as entrevistas que realizei e interpretei nos capítulos anteriores.<br />

49 Além disso, um problema da cida<strong>de</strong> contemporânea obrigou-me a refazer <strong>uma</strong> entrevista<br />

e a retrabalhos <strong>de</strong> sínteses e <strong>de</strong> transcrições. Um urbano turbulento, em sua lamentável<br />

gatunagem, levou meu gravador, a câmera e o computador <strong>de</strong> meu transcritor. Embora o fato<br />

tenha provocado atrasos, todas as entrevistas estão em processo <strong>de</strong> doação e disponibilização<br />

ao conhecimento público no Laboratório <strong>de</strong> História Oral da Univille.<br />

50 A esse respeito ver ALBERTI, Verena, 2004a. Op. cit. p. 36.

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