08.05.2013 Views

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

268<br />

nor<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong> simbólica joinvilense, vestígios do tempo presente que<br />

lhe permitem reivindicar e invocar <strong>uma</strong> memória nor<strong>de</strong>stina na cida<strong>de</strong>.<br />

A sua narrativa, assim, é por mim analisada como um novo elemento na<br />

intriga histórica que está entrelaçada com outras narrativas, incluindo a<br />

do Sr. Luiz Carlos <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros Cardoso, <strong>migrante</strong> <strong>de</strong> Guatá (sul <strong>de</strong> Santa<br />

Catarina) que, entre tantas experiências, me relatou sua participação na<br />

organização <strong>de</strong> <strong>uma</strong> festa nor<strong>de</strong>stina no Parque <strong>Joinville</strong> 42 , fato esse que<br />

será abordado mais adiante no texto.<br />

Trata-se, então, <strong>de</strong> lidar com as narrativas num movimento<br />

em forma <strong>de</strong> elipse, confrontando “a idéia ingênua <strong>de</strong> que todo<br />

[grifo meu] o narrável é importante” e que governa o específico da<br />

história. O específico histórico, explica Sarlo, “é o que po<strong>de</strong> compor<br />

a intriga [histórica], não como simples <strong>de</strong>talhe verossímil, mas como<br />

traço significativo; não é <strong>uma</strong> expansão <strong>de</strong>scritiva da intriga, mas um<br />

elemento constitutivo submetido à sua lógica” 43 .<br />

Narrativa como memória <strong>de</strong> um ato interpretativo;<br />

temporalida<strong>de</strong>s, espaços e lugares movediços; subjetivida<strong>de</strong>s e a<br />

procura pelo específico; enredos em elipse e a intriga da história<br />

– i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> que me aproprio como can<strong>de</strong>eiros para o trajeto <strong>de</strong><br />

interpretação das narrativas <strong>de</strong> memória sobre a migração e o urbano<br />

das últimas décadas do século XX.<br />

3.1 O CAMINHO E O TRAJETO<br />

Motivada pelos objetivos da pesquisa, a <strong>de</strong>finição das personagens<br />

que foram entrevistadas foi sendo processualmente estabelecida, à medida<br />

que eu fazia contatos, sondava disposições pessoais e vislumbrava a<br />

importância da narrativa diante das discussões engatilhadas. Assim, as<br />

festas me levaram às li<strong>de</strong>ranças étnicas, aos organizadores, aos políticos<br />

e aos gestores públicos. Mesmo que meu interesse naquele momento<br />

não fosse buscar narrativas <strong>de</strong> <strong>migrante</strong>s, todos que entrevistei são<br />

<strong>migrante</strong>s, com exceção da presi<strong>de</strong>nte da Afroville, Sra. Maria Laura<br />

42 Trata-se <strong>de</strong> um entre nove loteamentos que integram o perímetro do bairro Aventureiro, zona<br />

norte/nor<strong>de</strong>ste <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>. PREFEITURA MUNICIPAL DE JOINVILLE. Fundação Instituto<br />

<strong>de</strong> Pesquisa e Planejamento para o Desenvolvimento Sustentável <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>. <strong>Joinville</strong> bairro<br />

a bairro: 2008. <strong>Joinville</strong>: IPPUJ, 2008.<br />

43 Sarlo, Beatriz. Op. cit. p. 51.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!