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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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tal metodologia 31 . A publicação do livro <strong>de</strong> Sarlo 32 reabriu o <strong>de</strong>bate sobre<br />

questões a respeito das quais parte da historiografia já havia lançado<br />

bases, <strong>de</strong> certa maneira, consensuais. Sarlo retoma a discussão sobre as<br />

relações entre memória e história, passado e presente, subjetivida<strong>de</strong>s e<br />

valor do testemunho, confrontando teoria e prática, sob a égi<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa<br />

expansão da história oral nas últimas décadas. Em segundo lugar, a<br />

autora situa o <strong>de</strong>bate no contexto contemporâneo da “sedução pela<br />

memória” 33 , ampliando o seu olhar para além da historiografia. Dessa<br />

forma, suas problemáticas articulam os usos da memória e o valor do<br />

testemunho em outros campos, tais como o da política, o jurídico, o<br />

literário, o midiático e o do mercado. Diz ela:<br />

A dimensão intensamente subjetiva (um verda<strong>de</strong>iro<br />

renascimento do sujeito, que nos anos 1960 e 1970<br />

se imaginou estar morto) caracteriza o presente. [...]<br />

Todos os gêneros testemunhais parecem capazes<br />

<strong>de</strong> dar sentido à experiência. Um movimento <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>volução da palavra, <strong>de</strong> conquista da palavra e<br />

<strong>de</strong> direito à palavra se expan<strong>de</strong>, reduplicado por<br />

<strong>uma</strong> i<strong>de</strong>ologia da “cura” i<strong>de</strong>ntitária por meio da<br />

memória social ou pessoal 34 .<br />

Haveria alguns problemas enevoados nesse superlativo<br />

testemunhal e subjetivo. Por um lado, tal superlativo se apresenta<br />

como <strong>uma</strong> reconquista do direito das pessoas à memória para curar<br />

as feridas abertas pela suposta perda <strong>de</strong> sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e, por outro<br />

lado, se torna recurso para o alcance da verda<strong>de</strong>, agora filosoficamente<br />

concebida no plural. Para Sarlo, esses problemas, ainda que possam<br />

ser consi<strong>de</strong>rados como chagas da intervenção capitalista sobre as<br />

31 A história da história oral, incluindo sua expansão no Brasil, foi abordada por vários<br />

historiadores. A esse respeito ver: ALBERTI, Verena. Histórias <strong>de</strong>ntro da História. In: PINSKY,<br />

Carla Bassanezi (Org.). Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2005. ______. manual <strong>de</strong><br />

história oral. 2. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: FGV, 2004a. JOUTARD, Philippe. História oral: balanço<br />

da metodologia e da produção nos últimos 25 anos. In: FERREIRA, Marieta <strong>de</strong> Moraes;<br />

AMADO, Janaína. Usos & abusos da história oral. Rio <strong>de</strong> Janeiro: FGV, 1996.<br />

32 O trabalho foi publicado originalmente em espanhol em 2005. A edição em português é <strong>de</strong><br />

2007. SARLO, Beatriz. Op. cit.<br />

33 Expressão <strong>de</strong> Andreas Huyssen discutida no Capítulo I <strong>de</strong>ste trabalho. HUYSSEN, Andreas.<br />

seduzidos pela memória: arquitetura, monumentos, mídia. Tradução <strong>de</strong> Sergio Alci<strong>de</strong>s. Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro: Aeroplano, 2000.<br />

34 SARLO, Beatriz. Op. cit. p. 38-39.

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