08.05.2013 Views

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

258<br />

se confun<strong>de</strong> com ela. Ao <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o programa <strong>de</strong> <strong>uma</strong> “história política<br />

das populações”, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> ao mesmo tempo a pertinência <strong>de</strong> estudos que<br />

ponham em causa as <strong>de</strong>finições e os <strong>de</strong>lineamentos que as próprias<br />

populações dão a si mesmas, bem como as análises sobre suas práticas<br />

sociais e culturais. Se as abordagens <strong>de</strong>sse programa se fundamentam<br />

na “dialética do tratamento <strong>de</strong> massa e individualização <strong>de</strong> casos”, do<br />

diálogo no campo historiográfico geral e <strong>de</strong>le com as outras ciências<br />

sociais, é que se po<strong>de</strong> cada vez mais refletir sobre a complexida<strong>de</strong> da<br />

“pré-<strong>de</strong>finição da população <strong>de</strong> estudo por critérios objetivistas” 14 .<br />

Os dados <strong>de</strong>mográficos sobre a população <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong><br />

constituem, assim, <strong>uma</strong> (e não a única) referência <strong>de</strong> pesquisa sobre<br />

o urbano. Ao analisá-los, é preciso consi<strong>de</strong>rar a interação, situada<br />

historicamente, entre as categorias, os procedimentos estatísticos, as<br />

instituições e a própria população. Contudo não enveredarei por esse<br />

caminho, ainda que ao analisar os três censos vislumbrasse problemas<br />

<strong>de</strong> pesquisa bastante instigantes. Volto minhas atenções aqui propondo<br />

<strong>uma</strong> abordagem baseada na metodologia da história oral e, por isso, os<br />

dados <strong>de</strong>mográficos, as estatísticas e as percentagens são tomadas como<br />

entradas para buscar as subjetivida<strong>de</strong>s e as narrativas <strong>de</strong> memória.<br />

A historiadora espanhola Merce<strong>de</strong>s Vilanova, embora seja<br />

reconhecida no campo historiográfico pelas pesquisas que realizou com a<br />

história oral, afirma que as estatísticas foram fontes imprescindíveis para<br />

o seu trabalho. A “porcentagem da porcentagem”, por ela <strong>de</strong>nominada<br />

“estatística qualitativa fina”, teria lhe colocado “perguntas que só a<br />

fonte oral po<strong>de</strong>[ria] respon<strong>de</strong>r” 15 . Acredita que, pelo fato <strong>de</strong> a fonte<br />

oral constituir <strong>uma</strong> fonte viva, sua face inacabada corrobora o caráter<br />

inacabado da própria história. Além disso, a gravação <strong>de</strong> narrativas teria<br />

permitido ao campo historiográfico, pela primeira vez, “diferenciar o<br />

coletivo do pessoal” 16 .<br />

Dessa perspectiva, valho-me das reflexões <strong>de</strong> dois historiadores<br />

sobre seus objetos <strong>de</strong> investigação que, embora distintos, ressaltam<br />

a importância dos diálogos que põem em causa as diferenças como<br />

referência para o fortalecimento da própria operação historiográfica.<br />

As suas semelhantes conclusões permitem-me reforçar a pertinência<br />

14 ROSENTAL, Paul-André. Op. cit. p. 192.<br />

15 VILANOVA, Merce<strong>de</strong>s. Pensar a subjetivida<strong>de</strong> – estatísticas e fontes orais. In: FERREIRA,<br />

Marieta <strong>de</strong> Moraes (Org.). História oral e multidisciplinarida<strong>de</strong>. Rio <strong>de</strong> Janeiro: CPDOC/<br />

FGV, 1994. p. 52.<br />

16 Id. Ibid. p. 48.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!