08.05.2013 Views

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

251<br />

Com isso quero dizer que, pelas palavras, discursos, ditos e<br />

não-ditos que procurei analisar, é apreensível esse movimento dialógico<br />

movido por ambivalências, negociações e contradições que envolveram<br />

historiadores, jornalistas e historiadores-jornalistas.<br />

É ainda Bhabha que <strong>de</strong>staca a importância <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar e<br />

abordar as práticas <strong>de</strong> escritura na perspectiva <strong>de</strong> <strong>uma</strong> “política <strong>de</strong><br />

interpelação” 328 , a qual permite focar os <strong>de</strong>slocamentos dos significantes,<br />

bem como concebê-los como referências que são produzidas e produzem<br />

fronteiras. Tal i<strong>de</strong>ia reforça a afirmação <strong>de</strong> que não se po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar<br />

como termos exclu<strong>de</strong>ntes teoria versus prática, ciência versus política,<br />

historiografia versus jornalismo ou outras relações binárias, sob as quais<br />

fica obscurecida a diferença que instituiu os discursos, quaisquer que<br />

sejam.<br />

As mudanças <strong>de</strong> narrativas sobre a história <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong> e <strong>de</strong><br />

representações sobre a migração e os <strong>migrante</strong>s levaram-me a explorar<br />

os discursos como fronteiras. A etnicização da história da cida<strong>de</strong> é <strong>uma</strong><br />

<strong>de</strong>las. Os historiadores, ao <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r ou se contrapor – com base em suas<br />

opções teórico-metodológicas – ao protagonismo étnico como princípio<br />

explicativo das transformações urbanas, exploraram as fronteiras e se<br />

arriscaram por entre elas, contribuindo para o <strong>de</strong>bate <strong>de</strong>safiador sobre<br />

a diferença, enquanto processo que permeia as vivências urbanas na<br />

contemporaneida<strong>de</strong>.<br />

Mesmo que a recente representação discursiva da “diversida<strong>de</strong><br />

cultural” insinue os <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> sequestro (ou fixação) da diferença,<br />

tal representação, carregada <strong>de</strong> hibridismo, abre novas zonas <strong>de</strong><br />

fronteira que se <strong>de</strong>ixarão ver pelas novas interpelações não apenas dos<br />

historiadores, mas também dos sujeitos que vivem e significam a cida<strong>de</strong><br />

nesses nossos tempos e espaços globais.<br />

328 BHABHA, Homi K. Op. cit. p. 14.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!