08.05.2013 Views

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

250<br />

<strong>de</strong> forma intransigente e inusitada na cida<strong>de</strong>. A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong><br />

cultural é, no meu ponto <strong>de</strong> vista, <strong>uma</strong> invenção que objetiva compendiar<br />

a diferença.<br />

Por fim, cabe-me ainda retomar, a título <strong>de</strong> conclusão, a reflexão<br />

inicial <strong>de</strong>sse item: os entrelaçamentos entre a historiografia produzida<br />

na época com essa espécie <strong>de</strong> enredo jornalístico.<br />

Os historiadores, a partir dos anos 1990, ao lançar seus olhares,<br />

também buscam explicitar os seus questionamentos sobre a <strong>Joinville</strong> do<br />

presente no curso <strong>de</strong> suas transformações, ainda que, para alguns <strong>de</strong>les,<br />

o passado seja o pressuposto e a base sobre as quais as transformações<br />

operam.<br />

O “real” e o “imaginário”, as “resistências esquecidas e silenciadas”,<br />

os “<strong>de</strong>senraizamentos”, o “po<strong>de</strong>r normativo” e as “transgressões” são<br />

não apenas problemas, sobre os quais procurei estabelecer um diálogo<br />

teórico-metodológico transbordante <strong>de</strong> aprendizagem a respeito do tema<br />

migração e da operação historiográfica, mas também “feridas” abertas<br />

por força <strong>de</strong> críticas folheadas que passam a interferir nas práticas e<br />

nas representações da cida<strong>de</strong>.<br />

Homi Bhabha, no escrito “O compromisso com a teoria”,<br />

exprime sua inquietação perante o estabelecimento <strong>de</strong> “binarismos”<br />

para distinguir a “crítica acadêmica” dos escritos produzidos a partir <strong>de</strong><br />

e em outros lugares sociais 325 . Para ele, todos “são formas <strong>de</strong> discurso<br />

e, nessa medida, produzem, mais do que refletem seus objetos <strong>de</strong><br />

referência” 326 . Haveria, ainda, um “processo pelo qual as afirmações<br />

<strong>de</strong> <strong>uma</strong> instituição po<strong>de</strong>m ser transcritas no discurso <strong>de</strong> outra” 327 . Isso<br />

porque as afirmações se estabelecem como “verda<strong>de</strong>” pública a partir <strong>de</strong><br />

um processo <strong>de</strong> dissenso, <strong>de</strong> negação que, por sua vez, abarca um diálogo<br />

nos termos <strong>de</strong> <strong>uma</strong> “negociação” com outras verda<strong>de</strong>s. Por outro lado,<br />

apesar dos esquemas <strong>de</strong> uso e aplicação que constituem um campo <strong>de</strong><br />

estabilização para <strong>uma</strong> verda<strong>de</strong>, qualquer mudança nas condições <strong>de</strong> seu<br />

uso, qualquer alteração em seu “campo <strong>de</strong> experiência” ou comprovação<br />

ou mesmo qualquer diferença nos problemas a serem resolvidos po<strong>de</strong>m<br />

levar à emergência <strong>de</strong> <strong>uma</strong> nova verda<strong>de</strong>. Uma “verda<strong>de</strong>” seria, então,<br />

um constructo híbrido.<br />

325 BHABHA, Homi K. O compromisso com a teoria. In: ARANTES, Antonio A. o espaço<br />

da diferença. Campinas: Papirus, 2000. p. 10-29.<br />

326 Id. Ibid. p. 14.<br />

327 Id. Ibid. p. 16.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!