08.05.2013 Views

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

248<br />

consigo as intenções que movem as estratégias por parte daqueles<br />

que, segundo Santos, sob condições <strong>de</strong>siguais, buscam transformar as<br />

condições locais inserindo-as nos fluxos contemporâneos 319 .<br />

Ora, contextualizando a reflexão do autor nesta discussão,<br />

penso que os novos sentidos que atravessam os escritos da imprensa<br />

anteriormente <strong>de</strong>stacados insinuam, para além das angústias e da<br />

benevolência em relação aos agora pouco estigmatizados “forasteiros”,<br />

cada um a seu modo e do lugar social (e <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r) dos autores, os<br />

planos <strong>de</strong> futuro para a cida<strong>de</strong> 320 .<br />

Parece-me que a diferença não é mais narrada (e <strong>de</strong> certa forma<br />

sequestrada) pelos estigmas sobre os genéricos “forasteiros” que, com<br />

suas vivências, teriam promovido o caos paisagístico, a violência e a<br />

“perda das tradições”.<br />

A compressão do tempo e do espaço que tornou a cida<strong>de</strong> lugar <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>slizantes vivências e i<strong>de</strong>ntificações parece <strong>de</strong>sassossegar o presumido<br />

controle sobre as práticas culturais e sobre as explicações <strong>de</strong>las nas<br />

transformações urbanas em diferentes tempos e espaços. Cabe aqui<br />

relembrar que, na mesma época, os “ecletismos” da Fenachopp são<br />

alvo <strong>de</strong> calorosos <strong>de</strong>bates pela mesma imprensa, por exporem “Apolos<br />

<strong>de</strong>snudos” ao som <strong>de</strong> pago<strong>de</strong>, rock e outras musicalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> “gosto<br />

duvidoso” 321 .<br />

A cultura com “a cara e o RG <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>” impõe-se por passados<br />

étnicos inventados, mas também por outros mecanismos capazes <strong>de</strong><br />

recolocar <strong>Joinville</strong> nos trilhos do mundo globalizado. É o que po<strong>de</strong><br />

ser apreendido do balanço que o jornal A Notícia publicou com o<br />

encerramento do 5.º Fórum Estadual <strong>de</strong> Dirigentes Municipais <strong>de</strong><br />

Cultura 322 .<br />

Com o subtítulo “A trama em que se tece o essencial <strong>de</strong> nossa<br />

existência”, a matéria <strong>de</strong>staca que, além das indústrias, o novo cartãopostal<br />

da cida<strong>de</strong> passaria a ser a cultura. Afora o Festival <strong>de</strong> Dança, a<br />

“ação cultural para <strong>Joinville</strong>” englobaria: promoção <strong>de</strong> cursos temáticos<br />

319 SANTOS, Boaventura <strong>de</strong> Sousa. Os processos da globalização. In: ______ (Org.). a<br />

globalização e as ciências sociais. São Paulo: Cortez, 2002. p. 25-104.<br />

320 Lembro aqui a discussão empreendida no Capítulo I acerca dos esforços do po<strong>de</strong>r público<br />

para o estabelecimento <strong>de</strong> um novo perfil econômico para a cida<strong>de</strong>.<br />

321 Também no Capítulo I já procurei analisar as reportagens em que me baseei para discutir<br />

os posicionamentos dos jornalistas e frequentadores da festa.<br />

322 CULTURA em <strong>Joinville</strong>. 5.º Fórum Estadual <strong>de</strong> Dirigentes Municipais <strong>de</strong> Cultura. a notícia,<br />

<strong>Joinville</strong>, 23 abr. 1998.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!