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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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É pertinente indagar como vão sendo tecidas as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

sociabilida<strong>de</strong>s que escapam do po<strong>de</strong>r normativo e do projeto mo<strong>de</strong>rnizador<br />

e disciplinador da elite, assim como discutir os significados <strong>de</strong>ssas<br />

sociabilida<strong>de</strong>s que consi<strong>de</strong>ro também exprimirem <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r,<br />

trânsitos, maneiras <strong>de</strong> fazer e consumir e outras expressões do viver<br />

urbano, cujas narrativas, <strong>de</strong> certa maneira, pressionam e empurram os<br />

pesquisadores (e não apenas os historiadores) a ampliar objetos, temas<br />

e problemas <strong>de</strong> pesquisa sobre a cida<strong>de</strong> contemporânea.<br />

2.6 HISTORIADORES E JORNALISTAS: DISCURSOS E<br />

DESLOCAMENTOS DA QUESTÃO MIGRATÓRIA<br />

Os historiadores <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>, na sua gran<strong>de</strong> maioria, serviram-se<br />

fartamente em suas operações historiográficas dos escritos da imprensa<br />

local. Tal afirmação é respaldada não apenas pela leitura <strong>de</strong> suas<br />

obras, mas também pela análise que Mathyas empreen<strong>de</strong>u acerca da<br />

historiografia <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>. A autora discute como os historiadores, ao<br />

selecionarem as suas fontes, <strong>de</strong>ram <strong>de</strong>staque a reportagens, editoriais<br />

e artigos opinativos que circularam pelos jornais nos mais diversos<br />

períodos.<br />

Uma indagação, entretanto, reabre o diálogo com a autora.<br />

Segundo ela, a imprensa privilegiou, mesmo diante da intensa produção<br />

historiográfica <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos <strong>de</strong> 1990, <strong>uma</strong> <strong>de</strong>terminada escrita histórica<br />

“oficial” para fundamentar temas relacionados ao passado da cida<strong>de</strong>. A<br />

pesquisa que empreendi na imprensa sobre o assunto migração permiteme,<br />

se não discordar, relativizar seu ponto vista.<br />

Mathyas tem razão sobre a recorrência <strong>de</strong> escritas históricas <strong>de</strong><br />

Ternes no principal jornal da cida<strong>de</strong>, A Notícia. Porém não se po<strong>de</strong><br />

esquecer que o historiador-jornalista é “colaborador” <strong>de</strong>ssa empresa<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1968, tendo ocupado vários cargos, inclusive o <strong>de</strong> editorialista 285 .<br />

Por outro lado, como procurei <strong>de</strong>stacar na análise <strong>de</strong> três <strong>de</strong> suas obras,<br />

sob o olhar do autor as explicações a respeito das transformações <strong>de</strong><br />

<strong>Joinville</strong> sofrem alterações significativas e com elas as suas percepções<br />

sobre a migração e os <strong>migrante</strong>s. Isso também é apreensível dos seus<br />

escritos jornalísticos.<br />

285 Conforme discurso <strong>de</strong> Apolinário Ternes que consta no Anexo A da obra <strong>de</strong> MATHYAS,<br />

Alessandra da Mota. Op. cit.

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