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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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235<br />

É <strong>de</strong>sse planejamento racional que a um só tempo se po<strong>de</strong><br />

apreen<strong>de</strong>r, segundo Gruner, “parte das relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que constroem<br />

territórios e <strong>de</strong>limitam suas fronteiras” 275 .<br />

O questionamento sobre <strong>uma</strong> anunciada vocação industrial, quase<br />

natural, da antiga Colônia Dona Francisca (versão que circula pelas<br />

páginas <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> vários historiadores, geógrafos e economistas 276 )<br />

é empreendido no capítulo <strong>de</strong>nominado “A outra margem”, o qual,<br />

segundo penso, possibilita a compreensão inicial <strong>de</strong> sua abordagem<br />

sobre a migração e os <strong>migrante</strong>s.<br />

Concorda com as análises “dissonantes”, elaboradas por Vilmar<br />

Vidor 277 e Ido Luiz Michels 278 . Assim, o <strong>de</strong>senvolvimento industrial <strong>de</strong><br />

Santa Catarina nos anos <strong>de</strong> 1960 a <strong>1980</strong> e, por extensão, <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong><br />

não teria sido resultado <strong>de</strong> <strong>uma</strong> evolução linear, como creem alguns,<br />

que englobou a superação dos “sucessivos estágios <strong>de</strong> subsistência, do<br />

comércio, da oficina ou pequena manufatura, <strong>de</strong> formação do mercado<br />

interno, etc.”, culminando nos “gran<strong>de</strong>s conglomerados industriais”. O<br />

espírito germânico e o caráter empreen<strong>de</strong>dor do empresariado local<br />

também pouco teriam fundamentação para explicar sua lógica. Tal<br />

<strong>de</strong>senvolvimento expressa, <strong>de</strong> um lado, <strong>uma</strong> veemente ação estatal<br />

que beneficiou os empresários e, <strong>de</strong> outro lado, a “superexploração do<br />

trabalho” 279 .<br />

Dessa perspectiva, Gruner explica os fluxos migratórios e,<br />

reunindo dados e índices estatísticos, procura representar <strong>de</strong> maneira<br />

bastante genérica as novas personagens no espaço urbano. Assim, a<br />

urbanida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses sujeitos torna-se visível pelos índices <strong>de</strong> crescimento<br />

populacional, pelas <strong>de</strong>ficiências dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong> abastecimento<br />

<strong>de</strong> água, <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> lixo e re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgoto, pelo déficit habitacional (com<br />

275 GRUNER, Clóvis. Op. cit. p. 111.<br />

276 Entre as obras e os autores analisados constam: TERNES, Apolinário, 1986. Op. cit.;<br />

TERNES, Apolinário, 1993. Op. cit.; HERING, Maria Luiza Renaux. Colonização e indústria<br />

no vale do itajaí: o mo<strong>de</strong>lo catarinense <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Blumenau: Editora da Furb, 1987;<br />

ROCHA, Isa <strong>de</strong> Oliveira, 1997. Op. cit.; SOUTO, Américo Augusto da Costa. Industrialização<br />

<strong>de</strong> Santa Catarina: o Vale do Itajaí e o litoral <strong>de</strong> São Francisco, das origens ao mercado<br />

nacional. In: BRANCHER, Ana (Org.). História <strong>de</strong> santa Catarina: estudos contemporâneos.<br />

Florianópolis: Letras Contemporâneas, 1999.<br />

277 VIDOR, Vilmar. indústria e urbanização no nor<strong>de</strong>ste <strong>de</strong> santa Catarina. Blumenau:<br />

Editora da Furb, 1995.<br />

278 MICHELS, Ido Luiz. Crítica ao mo<strong>de</strong>lo catarinense <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Campo Gran<strong>de</strong>:<br />

Editora da UFMS, 1998.<br />

279 GRUNER, Clóvis. Op. cit. p. 127.

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