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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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oficiais” 263 . São esses registros produzidos por instituições normativas<br />

que Gruner impõe como tarefa investigar.<br />

Mesmo privilegiando escritos da imprensa, as suas fontes congregam<br />

documentos do po<strong>de</strong>r público (executivo e legislativo), <strong>de</strong>poimentos<br />

disponibilizados no Núcleo <strong>de</strong> História Oral do Arquivo Histórico<br />

<strong>de</strong> <strong>Joinville</strong> 264 e obras literárias, cuja leitura lhe permitiu apreen<strong>de</strong>r<br />

manifestações perante um presente esvaziado <strong>de</strong> sentidos <strong>de</strong> utopia. O<br />

tratamento das fontes consistiu na leitura cuidadosa dos documentos,<br />

buscando por um lado os indícios pelos quais a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> foi percebida<br />

e significada por <strong>uma</strong> parcela da população e, por outro, a contrapelo, os<br />

“indícios <strong>de</strong> rupturas e dissonâncias ao projeto <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização”, que<br />

permitiram, segundo Gruner, encontrar-se com as “heterotopias”.<br />

Conceito que extrai também <strong>de</strong> Foucault, por “heterotopias” 265<br />

compreen<strong>de</strong> não apenas as contestações manifestas à or<strong>de</strong>m, como<br />

por exemplo ocupações dos espaços promovidas por grupos marginais<br />

(neles incluídos os <strong>migrante</strong>s), mas também manifestações <strong>de</strong> espanto, <strong>de</strong><br />

contradições e <strong>de</strong> <strong>de</strong>sencanto ante a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, que perpassam outras<br />

experiências e discursos sobre o urbano.<br />

Margem, assim, adquire para o autor um duplo sentido teóricometodológico,<br />

referindo-se às i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> espaço e localização territorial da<br />

população na cida<strong>de</strong> e também aos não-ditos e interditos dos discursos<br />

que busca interpretar. Disso também se explicitam os objetivos <strong>de</strong> estudo.<br />

Em primeiro lugar, busca<br />

263 GRUNER, Clóvis. Op. cit. p. 5.<br />

acompanhar [...] [o] processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização, e<br />

não apenas no que ele tem <strong>de</strong> visível – a presença<br />

do po<strong>de</strong>r público agindo na e sobre a cida<strong>de</strong>,<br />

ampliando ruas e avenidas, construindo praças,<br />

mapeando-a e <strong>de</strong>limitando os espaços <strong>de</strong> trabalho<br />

e <strong>de</strong> lazer, urbanizando-as, enfim. Mas também,<br />

e principalmente, as mudanças provocadas a<br />

partir <strong>de</strong>le nas sensibilida<strong>de</strong>s e sociabilida<strong>de</strong>s<br />

dos joinvilenses 266 .<br />

264 Trata-se dos <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> três ex-prefeitos (Helmuth Fallgater, Nilson Wilson Ben<strong>de</strong>r<br />

e Pedro Ivo Campos) e <strong>de</strong> três entrevistas doadas por Niehues resultantes <strong>de</strong> sua pesquisa<br />

(Marlene Silveira Custódio, Verner Lemke e Moacir José Floriani, todos funcionários <strong>de</strong><br />

empresas responsáveis por recursos h<strong>uma</strong>nos e assistência social).<br />

265 GRUNER, Clóvis. Op. cit. p. 9.<br />

266 Id. Ibid. p. 6.

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