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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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não pelo centro, mas pelas suas margens, sob as quais surgia um<br />

“universo inexplorado <strong>de</strong> experiências sociais conflitantes, trazidas<br />

pelo progresso” 257 .<br />

Na introdução, o próprio Gruner explicita que as transformações<br />

da historiografia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> <strong>1980</strong> teriam sido seu passaporte para<br />

propor novos caminhos para enten<strong>de</strong>r a história recente <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>. Para<br />

ele, pelo fato <strong>de</strong> a história estar sendo repensada como “um <strong>de</strong>ntre <strong>uma</strong><br />

série <strong>de</strong> discursos a respeito do mundo” 258 , abria-se <strong>uma</strong> infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> questionar pelo passado as significações do presente.<br />

E mais, consi<strong>de</strong>rando vivermos num “tempo ‘pós-utópico’, mais que<br />

pós-mo<strong>de</strong>rno”, pois sobre os escombros do “muro <strong>de</strong> Berlim” estariam<br />

os escombros <strong>de</strong> “um projeto <strong>de</strong> futuro comum”, o qual na sua ausência<br />

“fragmentou a própria ação política”, ao historiador caberia respon<strong>de</strong>r:<br />

“por que e como conhecer o passado?” 259 . Diz ele:<br />

As questões colocadas a partir <strong>de</strong> agora aos<br />

historiadores apontam a urgência <strong>de</strong> <strong>uma</strong> crítica ao<br />

conceito <strong>de</strong> progresso, para investigar no interior<br />

mesmo <strong>de</strong>ssa noção o que foi negado, excluído da<br />

história. É preciso <strong>de</strong>slocar-se do centro para as<br />

margens e, nesse movimento, construir <strong>uma</strong> outra<br />

relação possível com o passado 260 .<br />

Sua opção é fazer “<strong>uma</strong> história <strong>de</strong>ssas margens, portanto <strong>uma</strong><br />

história dos marginais” 261 . Mas como se propõe produzi-la?<br />

Baseando-se em Foucault, afirma que não se trata mais <strong>de</strong><br />

“explicar o ‘real’, mas <strong>de</strong>sconstruí-lo enquanto discurso” 262 . As fontes,<br />

também nessa perspectiva, não são registros fiéis <strong>de</strong> como no passado<br />

<strong>uma</strong> dada socieda<strong>de</strong> viveu ou foi, mas representações criadas <strong>de</strong>las e<br />

nelas. Porém, “ainda que os grupos marginais criem, <strong>de</strong>liberadamente<br />

ou não, seus próprios códigos <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>s, [...] os registros <strong>de</strong><br />

sua passagem [grifo meu] não raro nos chegam por meio das fontes<br />

257 RAGO, Margareth. Prefácio. In: GRUNER, Clóvis. Op. cit. p. 14.<br />

258 GRUNER, Clóvis. Op. cit. p. 1.<br />

259 Id. Ibid. p. 2.<br />

260 Id. Ibid. p. 3.<br />

261 Id. Ibid. p. 5.<br />

262 Id. Ibid. p. 3.

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