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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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221<br />

historiográfica da obra <strong>de</strong> Niehues. Para justificar tal pertinência, valhome<br />

<strong>de</strong> dois outros atos narrativos: <strong>uma</strong> reportagem da jornalista Marlise<br />

Groth, <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1999 221 , e <strong>uma</strong> entrevista que fiz com Niehues, em<br />

2009 222 .<br />

No clima que antece<strong>de</strong>u as comemorações pela passagem dos 150<br />

anos <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>, Groth propôs esclarecer a seus leitores um problema<br />

que consi<strong>de</strong>rava palpitante: “Desemprego, migração e um intenso<br />

trabalho em prol do resgate histórico se misturam com a apatia, o<br />

marketing e a dúvida – <strong>Joinville</strong> preserva suas raízes?” 223 .<br />

Na sua percepção, na cida<strong>de</strong> existiriam dois grupos distintos:<br />

O <strong>de</strong> pessoas que nasceram aqui, são <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />

dos i<strong>migrante</strong>s (o que, segundo o presi<strong>de</strong>nte<br />

do Instituto <strong>Joinville</strong> 150 anos, Udo Döhler,<br />

representa apenas 7% da atual população) e os<br />

<strong>migrante</strong>s, aqueles que <strong>de</strong>ixaram suas cida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> origem e vieram a <strong>Joinville</strong> em busca da tão<br />

sonhada oferta <strong>de</strong> emprego 224 .<br />

Referindo-se à entrevista que fizera com Niehues, afirmava que a<br />

migração expunha para a cida<strong>de</strong> muitas histórias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senraizamentos,<br />

pelas quais se explicava o aumento do número <strong>de</strong> bares e <strong>de</strong> igrejas nas<br />

comunida<strong>de</strong>s pobres. Essa “crise social” acarretava outros problemas.<br />

Para saná-los, a jornalista faz uso <strong>de</strong> outra citação <strong>de</strong> Niehues: “Faltam<br />

centros <strong>de</strong> lazer para as famílias, falta valorização da cultura do bairro<br />

e <strong>de</strong> centros comunitários ativos, que promovam o crescimento da<br />

população como um todo” 225 .<br />

Na chamada “Do mangue para a rua asfaltada”, a jornalista reúne<br />

<strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> <strong>migrante</strong>s objetivando reforçar a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> <strong>migrante</strong><br />

que Niehues construíra em sua entrevista: ex-agricultor, pobre e apático<br />

diante da vida urbana. Escreve a jornalista:<br />

Arcanjo, Jerônimo, Van<strong>de</strong>rley e Antônia vêem<br />

<strong>uma</strong> <strong>Joinville</strong> diferente daquela vivida pelos<br />

221 GROTH, Marlise. Cida<strong>de</strong> vive conflito social e cultural. a notícia, <strong>Joinville</strong>, 5 set.<br />

1999b.<br />

222 NIEHUES, Val<strong>de</strong>te Daufemback. Depoimento. entrevista concedida a ilanil Coelho e<br />

Fernando Cesar sossai. <strong>Joinville</strong>. 18 nov. 2009.<br />

223 GROTH, Marlise. Op. cit.<br />

224 Id. Ibid.<br />

225 Id. Ibid.

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