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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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Porém o seu objetivo era “investigar as formas <strong>de</strong> ajustamento<br />

do <strong>migrante</strong> rural na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>”. Segundo ela, ao chegarem à<br />

cida<strong>de</strong>, os <strong>migrante</strong>s “vivenciaram com muito sofrimento a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> reelaborar os valores culturais, tendo que se adaptar à estranha vida<br />

urbana” 181 .<br />

Além da bibliografia acadêmica para fundamentar teoricamente sua<br />

abordagem, utilizou como fontes jornais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> circulação na cida<strong>de</strong>,<br />

periódicos <strong>de</strong> empresas e <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> <strong>migrante</strong>s, cujas histórias<br />

seriam “<strong>de</strong> luta, <strong>de</strong> sofrimento, <strong>de</strong> trabalho e <strong>de</strong> resignação” 182 .<br />

A dissertação, organizada em cinco capítulos, busca inicialmente<br />

analisar “o modo <strong>de</strong> viver nas comunida<strong>de</strong>s rurais em alg<strong>uma</strong>s regiões<br />

<strong>de</strong> Santa Catarina e do Paraná, sob a ótica do <strong>migrante</strong>”. Para tanto,<br />

Niehues, entre fragmentos <strong>de</strong> narrativas e imagens ilustrativas 183 ,<br />

procura, como um álbum <strong>de</strong> memórias, retratar o que consi<strong>de</strong>ra aspectos<br />

comuns das comunida<strong>de</strong>s rurais: “os costumes, os preceitos religiosos,<br />

o trabalho, o lazer e as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sobrevivência na lavoura” 184 .<br />

Entre todos os aspectos, aquele que segundo ela assume maior<br />

importância para a manutenção dos valores e que melhor traduz as<br />

raízes camponesas é a religiosida<strong>de</strong>: “A religiosida<strong>de</strong> era sentida nas<br />

manifestações culturais, no ensino formal, no interior das casas. Em<br />

qualquer espaço on<strong>de</strong> ocorriam as relações sociais, havia marcas <strong>de</strong><br />

religiosida<strong>de</strong>, ou eram <strong>de</strong>terminadas por ela” 185 .<br />

Tal percepção, ao lado da discussão sobre o “tempo” e a lida na<br />

rotina camponesa, leva a autora a <strong>uma</strong> interpretação bastante rígida do<br />

mundo rural e do mundo urbano. Não haveria circularida<strong>de</strong> entre eles.<br />

Trechos extraídos das transcrições das narrativas dos <strong>migrante</strong>s, mesmo<br />

suscitando o trabalho subjetivo <strong>de</strong> seleção da memória, serviram, para<br />

ela, como evidência das fronteiras que contrastavam e distanciavam o<br />

passado rural e o presente urbano.<br />

181 NIEHUES, Val<strong>de</strong>te Daufemback. Op. cit.<br />

182 Id. Ibid. p. 11.<br />

183 Trata-se <strong>de</strong> fotografias <strong>de</strong> lugares, pessoas, quadros religiosos, momentos solenes como a<br />

primeira comunhão e o casamento, que parecem sair <strong>de</strong> caixas <strong>de</strong> recordação vasculhadas pela<br />

autora e por seus entrevistados, alguns <strong>de</strong>les seus próprios parentes, para ilustrar os temas que<br />

vão sendo abordados pela escrita. As imagens não têm referência, mas são acompanhadas por<br />

legendas que explicam a sua relação com a escrita.<br />

184 NIEHUES, Val<strong>de</strong>te Daufemback. Op. cit. p. 11.<br />

185 Id. Ibid. p. 20.

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