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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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2.4 “RAÍZES PARTIDAS” NA “CIDADE DAS FLORES”<br />

207<br />

Desenraizados: <strong>de</strong>sajustados, excluídos, sofridos, agricultores,<br />

<strong>de</strong>sempregados, operários, <strong>de</strong>sorientados, disponíveis, <strong>de</strong>slocados,<br />

segregados, favelados, solitários, amedrontados, angustiados,<br />

oprimidos, tristes, adoentados, cansados e silenciados; <strong>migrante</strong>s.<br />

Extraída das i<strong>de</strong>ias ou retirada do texto <strong>de</strong> apresentação do<br />

trabalho da historiadora Val<strong>de</strong>te Daufemback Niehues, essa espécie<br />

<strong>de</strong> glossário submete à apreciação os termos e as representações que<br />

a autora erige sobre os <strong>migrante</strong>s que, na história da cida<strong>de</strong>, viveriam<br />

atormentados, a partir do final da década <strong>de</strong> <strong>1980</strong>, pela pergunta:<br />

“Como retornar sem ter para on<strong>de</strong> ir?” 178 .<br />

Segundo o Dicionário Aurélio, por <strong>de</strong>senraizamento enten<strong>de</strong>se<br />

o “ato <strong>de</strong> <strong>de</strong>sarraigar”, ou “arrancar pela raiz ou com raízes; tirar<br />

inteiramente” 179 . Na escrita da autora, o termo está na base <strong>de</strong> sua<br />

problematização que abarca a transição do <strong>migrante</strong> “<strong>de</strong> agricultor<br />

a operário”. Quem e quais fatores teriam sido sujeitos e objetos do<br />

fenômeno? Quais seriam as raízes que ao serem transplantadas não<br />

teriam encontrado terreno propício e fértil para (re)arraigar-se?<br />

Pela primeira vez na historiografia local, os <strong>migrante</strong>s<br />

emergem como objetos/sujeitos da operação historiográfica. Além<br />

da autonomia temática, a autora buscava superar a superficialida<strong>de</strong><br />

dos índices e taxas <strong>de</strong>mográficas que, com frequência, eram usados<br />

pelos pesquisadores para explicar, ou mesmo incluir, genericamente,<br />

a migração como fator <strong>de</strong> transformação urbana. Niehues informa<br />

em nota <strong>de</strong> rodapé:<br />

178 NIEHUES, Val<strong>de</strong>te Daufemback. Op. cit. p. 219.<br />

Em 1970, havia, em <strong>Joinville</strong>, 42.937 <strong>migrante</strong>s<br />

oriundos principalmente <strong>de</strong> vários municípios <strong>de</strong><br />

Santa Catarina. Em <strong>1980</strong>, 113.091 <strong>migrante</strong>s, dos<br />

quais, 57.640 proce<strong>de</strong>ntes da área rural, entre os<br />

quais, 13.509 oriundos do Paraná. Em 1991, o total<br />

<strong>de</strong> <strong>migrante</strong>s era <strong>de</strong> 166.607 180 .<br />

179 FERREIRA, Aurélio Buarque <strong>de</strong> Holanda. novo dicionário aurélio eletrônico – século<br />

XXi. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Nova Fronteira, 1999.<br />

180 NIEHUES, Val<strong>de</strong>te Daufemback. Op. cit. p. 1.

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