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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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194<br />

e teses <strong>de</strong>fendidas por egressos e professores do curso <strong>de</strong> História<br />

da Univille em diferentes universida<strong>de</strong>s do país a partir dos anos<br />

1990 133 .<br />

Em 1993, Belini Meurer apresentou sua dissertação <strong>de</strong> mestrado<br />

no Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em História pela PUC-SP, sob o título<br />

Entre flores e manguezais – a construção do real em <strong>Joinville</strong>. O autor<br />

explicita suas intenções partindo <strong>de</strong> <strong>uma</strong> problemática que, a meu ver,<br />

enuncia respostas teoricamente por ele já resolvidas. Afirmando existir<br />

<strong>uma</strong> “noção” um tanto “distorcida da realida<strong>de</strong> prática da cida<strong>de</strong>” que<br />

atravessa “qualquer trabalho historiográfico <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>, ou mesmo<br />

publicações periódicas <strong>de</strong> empresas, artigos jornalísticos e editoriais”,<br />

preten<strong>de</strong> analisar “sob <strong>uma</strong> luz crítica histórica” a constituição do que<br />

chama “imaginário distorcido do dia-a-dia da cida<strong>de</strong>”, cujo papel é<br />

encobrir “<strong>uma</strong> estrutura econômica tão exploradora quanto qualquer<br />

outra <strong>de</strong> um sistema capitalista <strong>de</strong> produção” 134 .<br />

Equivaler gêneros textuais por um suposto propósito comum entre<br />

os autores é o caminho para Meurer dar <strong>de</strong>staque à pertinência e valida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> seus pressupostos teóricos, nos quais fundamenta igualmente sua<br />

hipótese. Consi<strong>de</strong>rando que a socieda<strong>de</strong> capitalista se reproduz por meio<br />

<strong>de</strong> um “distanciamento entre prática e discurso”, distanciamento esse<br />

que “serve” para legitimar a “estrutura” político-econômica, bem como<br />

a “dominação social” 135 , busca verificar como e por que isso acontece<br />

em <strong>Joinville</strong>.<br />

Anunciando que <strong>Joinville</strong> se forjou, historicamente, a partir <strong>de</strong><br />

<strong>uma</strong> contradição, ou seja, “a profunda distância entre o que se faz<br />

e o que diz do que faz”, a cida<strong>de</strong> “real” divergiria profundamente<br />

da cida<strong>de</strong> “imaginada” pelos símbolos que a representam. Em 1993,<br />

flores, bicicletas, festas típicas e <strong>de</strong>sfiles continuariam a retratar “<strong>uma</strong><br />

socieda<strong>de</strong> on<strong>de</strong> os membros são or<strong>de</strong>iros, pacíficos, retos”. Porém, diz<br />

ele:<br />

O que mais se percebe nos dias <strong>de</strong> hoje é a<br />

formação <strong>de</strong> um real joinvilense, constituído<br />

<strong>de</strong> miseráveis – moradores <strong>de</strong> palafitas sobre o<br />

pântano <strong>de</strong> manguezais. Entre flores construídas<br />

133 Outros autores também são objeto <strong>de</strong> crítica, tais como: FICKER, Carlos. Op. cit.;<br />

HERKENHOFF, Elly. Op. cit.; SCHNEIDER, Adolpho Bernardo. Op. cit.<br />

134 MEURER, Belini. Op. cit. p. 9.<br />

135 Id. Ibid. p. 10.

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