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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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191<br />

O conceito <strong>de</strong> melting pot, atribuído a esse processo, passa<br />

a ser questionado no período após a Segunda Guerra Mundial. Por<br />

um lado, as etnicida<strong>de</strong>s persistentes ou emergentes frustravam o<br />

pressuposto assimilacionista. Por outro, a recomposição do exército<br />

<strong>de</strong> reserva <strong>de</strong> trabalhadores nas socieda<strong>de</strong>s industriais avançadas<br />

tornava-se argumento para os teóricos marxistas criticarem o mesmo<br />

pressuposto, pois os empregadores, ao se valerem <strong>de</strong> i<strong>migrante</strong>s <strong>de</strong><br />

países periféricos, encorajavam a imigração temporária para satisfazer<br />

a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preenchimento <strong>de</strong> empregos subalternos <strong>de</strong>ntro da<br />

lógica <strong>de</strong> menor remuneração e <strong>de</strong> privação <strong>de</strong> direitos <strong>de</strong> cidadania<br />

nos seus países. É <strong>de</strong>sse viés econômico da crítica do melting pot que<br />

outras questões sobre a migração serão estudadas e propostas, tais como<br />

crises dos mercados <strong>de</strong> trabalho (como fator <strong>de</strong>cisivo para empregadores<br />

induzirem e i<strong>migrante</strong>s experienciarem a migração) e capital h<strong>uma</strong>no<br />

(como elemento <strong>de</strong>finidor <strong>de</strong> êxito e permanência <strong>de</strong> i<strong>migrante</strong>s nos<br />

países receptores).<br />

Sasaki e Assis <strong>de</strong>stacam que nos anos 1970 as investigações<br />

começam a dar importância para o papel das re<strong>de</strong>s sociais no processo<br />

migratório. Parentes, amigos, conhecidos, conhecidos <strong>de</strong> conhecidos,<br />

enfim, relações sociais mediadas por laços familiares, <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong><br />

e <strong>de</strong> trabalho seriam aspectos que passariam a ser vistos como<br />

intervenientes sobre o ato <strong>de</strong> migrar. Tal abordagem traria à tona o<br />

fato <strong>de</strong> que “as migrações recentes resultariam também <strong>de</strong> um momento<br />

do <strong>de</strong>senvolvimento das re<strong>de</strong>s sociais, mais do que apenas <strong>de</strong>corrência<br />

<strong>de</strong> crises econômicas” 128 . Se as re<strong>de</strong>s sociais configuram os fluxos<br />

migratórios, elas configurariam também as transformações dos locais<br />

<strong>de</strong> origem e <strong>de</strong> estabelecimento dos <strong>migrante</strong>s.<br />

Penso aí ganhar importância a reflexão teórica apresentada<br />

pelas autoras sobre a migração no <strong>de</strong>nominado campo analítico<br />

da transnacionalização. As migrações, mesmo <strong>de</strong> curta distância<br />

(inter-regionais), po<strong>de</strong>riam ser repensadas na articulação global e<br />

local, articulação essa configurada por disjunções, superposições e<br />

complexida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fluxos não apenas <strong>de</strong> pessoas, mas <strong>de</strong> tecnologias,<br />

finanças, imagens e informações 129 . Dizem as autoras que os “novos<br />

<strong>migrante</strong>s”,<br />

128 ASSIS, Gláucia <strong>de</strong> Oliveira; SASAKI, Elisa Massae, 2000. Op. cit. p. 10.<br />

129 Conforme procurei discutir no Capítulo I.

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