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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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tipo <strong>de</strong> preocupação com índices <strong>de</strong> violência ou<br />

marginalida<strong>de</strong>, e o <strong>de</strong>legado <strong>de</strong> polícia é apenas<br />

um. A ca<strong>de</strong>ia é pequena e só um mo<strong>de</strong>sto “jeep”<br />

constitui a “frota” da polícia civil. <strong>Joinville</strong>, no<br />

entanto, se <strong>de</strong>spe<strong>de</strong> da “belle époque”. Fecha-se<br />

um ciclo na história 116 .<br />

A partir <strong>de</strong> então, Ternes remete-se à Revolução Industrial para<br />

explicar as razões pelas quais as cida<strong>de</strong>s foram, historicamente, sendo<br />

transformadas. Em que pese a sua opinião sobre as melhorias incontáveis<br />

“em todas as áreas do cotidiano h<strong>uma</strong>no”, <strong>Joinville</strong> apresentaria alguns<br />

sintomas que <strong>de</strong>nunciariam os efeitos perniciosos <strong>de</strong>sse processo, tais como<br />

“<strong>de</strong>s<strong>uma</strong>nização da cida<strong>de</strong>” e “sistemática perda <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida” 117 .<br />

Na origem <strong>de</strong> tais efeitos estaria o “problema” da migração. Os <strong>migrante</strong>s<br />

atraídos pelas oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emprego e fascinados pelos benefícios da<br />

cida<strong>de</strong> seriam, segundo o autor, responsáveis, embora sem dolo, pelo quadro<br />

<strong>de</strong>scontrolado <strong>de</strong> expansão urbana.<br />

A partir <strong>de</strong> 1970 a “periferia <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong> passou a ser ocupada, sem<br />

controle, por i<strong>migrante</strong>s empobrecidos que [...] acabaram por encurralar o<br />

po<strong>de</strong>r público” 118 . A situação seria intensificada ao longo dos anos <strong>de</strong> <strong>1980</strong>.<br />

Em outras palavras, para o autor a origem do problema não estaria nem<br />

no sistema capitalista nem na sua gestão pública estatal.<br />

Informa ao leitor que “a recessão [...] promoverá <strong>uma</strong> segunda<br />

onda migratória, agravando ainda mais <strong>uma</strong> situação já dramática” 119 . A<br />

“estagnação da economia, simultaneamente a um processo <strong>de</strong> inflação <strong>de</strong><br />

saltos históricos, [...] a partir <strong>de</strong> 1986”, contribuiu “ainda mais para tornar<br />

explosiva [grifo meu] a questão social <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>” 120 . Nesse quadro, aos<br />

<strong>de</strong>sempregados joinvilenses viriam se somar os “<strong>de</strong>sempregados <strong>de</strong> fora”.<br />

A cida<strong>de</strong> invadida, estrangeira, <strong>de</strong>s<strong>uma</strong>nizada e “sem alma”<br />

havia <strong>de</strong>sperdiçado as lições do passado e, por isso, a continuar assim, o<br />

<strong>de</strong>sencantamento diante do futuro invadiria ainda mais o pouco que restava<br />

<strong>de</strong> primordial na paisagem urbana.<br />

Para Ternes, tornava-se agora mister questionar o “mo<strong>de</strong>lo<br />

industrial”, cujo <strong>de</strong>sdobramento po<strong>de</strong>ria levar à <strong>de</strong>sconcentração<br />

116 TERNES, Apolinário, 1993. Op. cit. p. 162.<br />

117 Id. Ibid. p. 167.<br />

118 Id. Ibid. p. 168.<br />

119 Id. Ibid. p. 189.<br />

120 Id. Ibid. p. 192.

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