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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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dos mangues; o atingimento <strong>de</strong> um status econômico e conseqüente<br />

acomodação para o <strong>de</strong>sfrute da situação alcançada” 108 .<br />

O indizível em seu discurso, ou seja, as rupturas que se insinuam<br />

carregadas por disputas e conflitos, é traduzido como concessão diante<br />

<strong>de</strong> um suposto cansaço histórico e <strong>de</strong> acomodação econômica. Exaltando<br />

o espírito comunitário e harmônico sobre o social, o discurso histórico<br />

do autor não comportaria, no meu ponto <strong>de</strong> vista, nenhum indício que<br />

pu<strong>de</strong>sse vulnerar os elementos teórico-metodológicos que sustentam sua<br />

veracida<strong>de</strong> interpretativa, a qual preten<strong>de</strong> tornar inteligível para seus<br />

<strong>de</strong>stinatários, mesmo que aparentemente constatem alterações na feição<br />

urbana <strong>de</strong>correntes da migração.<br />

A fé quase inabalável sobre a predominância da essência do<br />

elemento joinvilense na edificação do presente e do futuro urbanos<br />

mostra-se um tanto fragilizada na obra que Ternes publica em 1993 109 .<br />

Apenas sete anos <strong>de</strong>pois, <strong>Joinville</strong>, a construção da cida<strong>de</strong> expressa<br />

as incertezas e, <strong>de</strong> certa maneira, os <strong>de</strong>sencantos do autor sobre <strong>uma</strong><br />

realida<strong>de</strong> urbana que lhe parece confusa <strong>de</strong>mais, esteticamente feia e<br />

<strong>de</strong>salmada. A migração agora não mais será tratada como mero “fator”<br />

vantajoso (com leve <strong>de</strong>svantagem) na soma dos termos industrialização e<br />

urbanização com o resultado “marcha do progresso”. Pela primeira vez,<br />

os <strong>migrante</strong>s parecem ser o “x” que vulnera e in<strong>de</strong>termina a operação<br />

<strong>de</strong> sua interpretação histórica.<br />

Na “Introdução”, anuncia em tom preocupante que é chegado<br />

o momento <strong>de</strong> a cida<strong>de</strong> “discutir o seu <strong>de</strong>stino”, pois “do corte da<br />

primeira árvore, em 1851, à construção, ontem, do último barraco,<br />

na periferia, a cida<strong>de</strong> foi se construindo sobre si mesma, repetindo<br />

aqui a mesma aventura <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> outras cida<strong>de</strong>s, filhas todas,<br />

nos últimos 150 anos, da era industrial” 110 . Sua abordagem não seria<br />

nem urbanística, nem sociológica, nem econômica, nem “histórica<br />

tradicional” 111 . Dessa vez, a originalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu trabalho consistiria<br />

na interpretação sobre “a força e a presença do homem na construção<br />

da cida<strong>de</strong>”. Empreen<strong>de</strong>ndo “um novo mergulho nas águas do tempo”,<br />

valer-se-ia do seu conhecimento acumulado para produzir, com e a partir<br />

<strong>de</strong>le mesmo, um novo caminho <strong>de</strong> “abordagem mista e múltipla”.<br />

108 TERNES, Apolinário, 1986. Op. cit. p. 83.<br />

109 TERNES, Apolinário, 1993. Op. cit.<br />

110 Id. Ibid. p. 11.<br />

111 Id. Ibid. p. 11.

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