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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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com outras vantagens, tais como fornecimento <strong>de</strong> energia elétrica,<br />

a<strong>de</strong>quados meios <strong>de</strong> comunicação com centros consumidores nacionais<br />

e vocação para acolher indústrias do setor metal-mecânico.<br />

No capítulo intitulado “Os novos personagens da Economia”, o<br />

autor informa que, sob o domínio eloquente dos números, a população<br />

que em 1950 registrava o total <strong>de</strong> 43.334 habitantes teria alcançado a<br />

expressiva marca <strong>de</strong> 320 mil pessoas 105 . Todavia os “novos personagens”<br />

anunciados no título nada tinham a ver com essa população, mas com os<br />

empresários que então assumiriam a vanguarda <strong>de</strong>ssa nova fase: Tupy,<br />

Hansen, Consul e Embraco, quatro gran<strong>de</strong>s empresas presididas por<br />

homens que encarnariam “a cultura joinvilense voltada para o trabalho,<br />

para o risco do empreendimento, para a certeza <strong>de</strong> que, com o trabalho<br />

e a disciplina, era possível” 106 . Para Ternes,<br />

a economia joinvilense será então um autêntico<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> permanente evolução, ainda que isto<br />

implique em subprodutos nada invejáveis, como<br />

favelização, aumento do índice <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong>,<br />

poluição ambiental <strong>de</strong>senfreada, carência <strong>de</strong> áreas<br />

<strong>de</strong> lazer, déficit resi<strong>de</strong>ncial, etc. 107 .<br />

É perceptível aí a inclusão <strong>de</strong> novas questões e termos<br />

agregados à migração, aspecto singular em relação à obra anterior.<br />

Porém o futuro da cida<strong>de</strong> não estaria ameaçado, pois na visão do autor<br />

o empresariado local, movido pelo “espírito comunitário”, saberia retirar<br />

do passado as lições para equacionar os problemas do presente.<br />

Como na obra anterior, busca rememorar as provações do elemento<br />

joinvilense nos acontecimentos-chave. Contudo há <strong>uma</strong> sutil alteração<br />

<strong>de</strong> seus argumentos, perceptível apenas pela análise das margens <strong>de</strong><br />

seu discurso. Diz ele que, no fim do século XIX, houve <strong>uma</strong> perda<br />

<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r político da elite germânica sobre a cida<strong>de</strong>. Tal perda estaria<br />

relacionada à emergência <strong>de</strong> <strong>uma</strong> li<strong>de</strong>rança <strong>de</strong> luso-brasileiros envolvidos<br />

com as ativida<strong>de</strong>s ervateiras. No entanto esse processo não po<strong>de</strong>ria ser<br />

entendido propriamente como <strong>uma</strong> perda ou enfraquecimento da elite<br />

germânica, mas um fenômeno <strong>de</strong> duplo sentido: “O cansaço natural<br />

<strong>de</strong> <strong>uma</strong> geração inteira que praticamente construiu <strong>Joinville</strong> a partir<br />

105 TERNES, Apolinário, 1986. Op. cit. p. 150.<br />

106 Id. Ibid. p. 164.<br />

107 Id. Ibid. p. 152.

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