08.05.2013 Views

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

179<br />

continuida<strong>de</strong> a sua missão civilizatória. Nesse ponto, Ternes reafirma<br />

sua intenção <strong>de</strong> combater com sua escrita <strong>uma</strong> história meramente<br />

factual, “estritamente rígida, e por isto mesmo limitada, interrompida,<br />

congestionadora” 81 . Somente conhecendo profundamente as experiências<br />

dos i<strong>migrante</strong>s do passado, pelas quais se po<strong>de</strong>m intuir as essências<br />

manifestas em cada um dos fenômenos ou acontecimentos-chave daí<br />

<strong>de</strong>correntes, seria possível enten<strong>de</strong>r por que a cida<strong>de</strong> “mantém e se<br />

sustenta por si mesma” e ainda “conserva este sentimento <strong>de</strong> autosuficiência,<br />

<strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança que é efetiva e não irreal” 82 , apesar <strong>de</strong> possuir<br />

<strong>uma</strong> população cuja origem é predominantemente brasileira.<br />

Os capítulos finais <strong>de</strong> sua obra, intitulados “A gênese do po<strong>de</strong>rio<br />

econômico da cida<strong>de</strong>” e “O século XX e a marcha do progresso”,<br />

evi<strong>de</strong>nciam o esforço do autor em estabelecer com base em sua abordagem<br />

fenomenológica a “verda<strong>de</strong>” histórica do presente, tanto nos seus aspectos<br />

essenciais como naqueles evi<strong>de</strong>nciados pela aparência urbana.<br />

Do passado agrícola, artesanal e comercial a cida<strong>de</strong> se<br />

transformara na “Manchester Catarinense” e para isso estaria pagando<br />

um preço alto: a acelerada e <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada expansão urbana e o aparente<br />

enfraquecimento das influências culturais germânicas. Porém não<br />

haveria razões para <strong>de</strong>sacreditar ou duvidar do seu <strong>de</strong>stino. Mesmo<br />

advertindo para o leitor que não <strong>de</strong>sejava “fazer futurologia”, Ternes<br />

diz ser “fácil” prever que <strong>Joinville</strong> continuaria sua marcha ao progresso<br />

industrial, graças ao “espírito empresarial da nossa gente, legítima<br />

herança da cultura germânica que absorvemos, assimilamos e que por<br />

muitas décadas ainda influenciará no processo histórico” 83 .<br />

Ao realizar a “radiografia” da cida<strong>de</strong> “em plena década <strong>de</strong> 1970”,<br />

anuncia para os mais incautos que, mesmo diante da alteração das<br />

“feições” urbanas, o elemento joinvilense triunfaria sobre quaisquer<br />

conjunturas adversas, transformando problemas em oportunida<strong>de</strong>s.<br />

Outros acontecimentos-chave <strong>de</strong> cunho político teriam<br />

anteriormente sido vivenciados como provações e <strong>de</strong>les retiradas as<br />

forças para que a “comunida<strong>de</strong> joinvilense intensificasse a sua marcha<br />

para o progresso”. N<strong>uma</strong> perspectiva linear, Ternes situa três fatos<br />

exemplares: Proclamação da República, a Primeira Gran<strong>de</strong> Guerra e a<br />

Campanha <strong>de</strong> Nacionalização.<br />

81 TERNES, Apolinário, 1981. Op. cit. p. 168.<br />

82 Id. Ibid. p. 182.<br />

83 Id. Ibid. p. 218.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!