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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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Curiosamente, poucos dados biográficos <strong>de</strong> Ternes estão<br />

disponíveis, embora suas obras tenham sido analisadas por quase todos<br />

os historiadores que escreveram sobre <strong>Joinville</strong> a partir da década <strong>de</strong><br />

<strong>1980</strong>. Porém é <strong>de</strong> um discurso por ele proferido em 2005 que retiro<br />

subsídios para refletir sobre tal questão. Disse ele:<br />

Política, jornalismo e história constituem a melhor<br />

tría<strong>de</strong> <strong>de</strong> toda a minha carreira profissional.<br />

Primeiro porque somos animais políticos, [...] e<br />

<strong>de</strong>pois porque não há como isolar jornalismo e<br />

história da política. Ela é a essência da História,<br />

assim como é o centro vital do jornalismo 69 .<br />

No ano em que publicou o livro, Ternes já era um reconhecido<br />

jornalista joinvilense. Havia <strong>de</strong>sempenhado a função <strong>de</strong> assessor <strong>de</strong><br />

imprensa da Prefeitura <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong> na gestão <strong>de</strong> Pedro Ivo Campos<br />

(1973 a 1977) pelo então Movimento Democrático Brasileiro (MDB),<br />

fundado em 1966. Na gestão seguinte, também do MDB, o prefeito Luiz<br />

Henrique da Silveira o nomeou diretor do Arquivo Histórico <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>.<br />

Nesse mesmo período, Ternes fundou o semanário e posteriormente<br />

diário Extra. Dessa trajetória é compreensível a importância que o autor<br />

atribui à política no seu fazer jornalístico e historiográfico. Como agente<br />

governamental, jornalista e historiador, seu olhar sobre a cida<strong>de</strong> serviase<br />

<strong>de</strong>ssa espécie <strong>de</strong> lente trifocal iluminado pelo que consi<strong>de</strong>rava a<br />

essência do real, a política.<br />

Segundo a historiadora Sirlei <strong>de</strong> Souza, o MDB firmou-se como<br />

oposição legalmente reconhecida e consentida pelo Estado ditatorial,<br />

alcançando êxito eleitoral graças a sua <strong>de</strong>fesa pela <strong>de</strong>mocracia e pelas<br />

questões sociais. Contudo em <strong>Joinville</strong> teria agregado e assim mantido<br />

em sua plataforma política a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> “cida<strong>de</strong> progresso”. Ao fazer isso<br />

combinou diretrizes políticas oposicionistas com diretrizes econômicas<br />

<strong>de</strong>senvolvimentistas, o que motivou, a um só tempo, a a<strong>de</strong>são do renovado<br />

perfil eleitoral da cida<strong>de</strong>, composto por <strong>migrante</strong>s dos anos <strong>de</strong> 1960 e<br />

1970, e também espaço para engajamento <strong>de</strong> li<strong>de</strong>ranças industriais e<br />

econômicas ciosas por melhorias na infraestrutura urbana 70 .<br />

69 TERNES, Apolinário, 2009. Op. cit.<br />

70 SOUZA, Sirlei <strong>de</strong>. Movimentos <strong>de</strong> resistência em tempos sombrios. In: GUEDES, Sandra<br />

P. L. <strong>de</strong> Camargo (Org.). Historias <strong>de</strong> (i)<strong>migrante</strong>s: o cotidiano <strong>de</strong> <strong>uma</strong> cida<strong>de</strong>. <strong>Joinville</strong>:<br />

Univille, 2000.

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