08.05.2013 Views

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

174<br />

extraídas as essências, permitindo, por sua vez, as “sínteses” que o<br />

conhecimento histórico é capaz <strong>de</strong> edificar 65 . Daí atribuir ao seu próprio<br />

discurso um caráter <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> incontestável, por <strong>de</strong>monstrar a essência<br />

da história da cida<strong>de</strong>. Embora faça referência ao pensamento do filósofo<br />

Edmund Husserl, é das lições do historiador Creso Coimbra 66 que tributa<br />

as bases filosóficas do seu trabalho. Conforme suas palavras, a história<br />

seria:<br />

[...] <strong>uma</strong> ciência a priori universal. A priori<br />

porque <strong>de</strong>screve essências (isto é, objetos i<strong>de</strong>ais<br />

e não empíricos). É universal porque se refere<br />

a todas as essências. Como método, leva-nos<br />

ao conhecimento das essências. Conhecimento<br />

evi<strong>de</strong>nte, fundado na intuição; não <strong>uma</strong> intuição<br />

sensível, mas eidética <strong>de</strong> essências 67 .<br />

Tal método, segundo afirma, foi capaz <strong>de</strong> levá-lo a edificar “teses”<br />

construídas com base na “visão analítica e crítica dos acontecimentos”,<br />

que por sua vez norteou a classificação e seleção dos fatos básicos segundo<br />

“a dimensão do importante e fundamental”. A partir das “teses” é que<br />

“<strong>de</strong>talhou o texto buscando sínteses” que “explicam o processo histórico<br />

e surpreen<strong>de</strong>m o fenômeno cultural, político e econômico” 68 .<br />

A história <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>, assim, po<strong>de</strong>ria ser explicada por meio<br />

<strong>de</strong> <strong>uma</strong> gran<strong>de</strong> tese, qual seja “o esforço colonizador”, cuja essência<br />

impulsionou a evolução histórica da cida<strong>de</strong> até o presente. Até que ponto<br />

sua “tese” não se constitui como <strong>uma</strong> espécie <strong>de</strong> álibi abstraído do passado<br />

para significar a cida<strong>de</strong> que presenciava e que <strong>de</strong>sejava manter sob jugo<br />

<strong>de</strong>ssa i<strong>de</strong>ia essencialista?<br />

65 TERNES, Apolinário, 1981. Op. cit. p. 15.<br />

66 Em 2005, quando Ternes discursou na Câmara dos Vereadores por ocasião do recebimento do<br />

título <strong>de</strong> Cidadão Benemérito <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>, rememorou o momento em que conheceu o militar<br />

afastado pelo regime <strong>de</strong> 1964 e autor da obra Fenomenologia da cultura brasileira, Creso<br />

Coimbra. Disse ele que, mesmo estando no último ano do curso <strong>de</strong> História, foi Coimbra que<br />

mostrou “o caminho das pedras” para que ele produzisse História <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>, <strong>uma</strong> abordagem<br />

crítica. Infelizmente, não tive acesso à obra <strong>de</strong> Coimbra. Entretanto Ternes ilustra em forma <strong>de</strong><br />

citação o método que apren<strong>de</strong>u com o mestre. Cf.: TERNES, Apolinário. discurso proferido<br />

por ocasião do recebimento do título <strong>de</strong> Cidadão Benemérito <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>. <strong>Joinville</strong>, 1.º<br />

abr. 2009. Disponível em: . Acesso em: 24<br />

ago. 2009.<br />

67 TERNES, Apolinário, 1981. Op. cit. p. 13.<br />

68 Id. Ibid. p. 14.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!