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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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Há, no meu ponto <strong>de</strong> vista, questões bem mais complexas em jogo<br />

nessas <strong>de</strong>finições aparentemente simplistas e reducionistas presentes<br />

no trabalho da autora. Minha hipótese é <strong>de</strong> que os fluxos migratórios<br />

recentes para <strong>Joinville</strong> estão por trás disso.<br />

A partir <strong>de</strong> <strong>1980</strong>, pelo menos nas obras <strong>de</strong> que me ocupo, opor<br />

e antagonizar escritos e escritores constitui um recurso privilegiado<br />

dos historiadores locais para justificar a relevância <strong>de</strong> seus trabalhos.<br />

Porém tal recurso muito pouco se fundamenta na dimensão teóricometodológica<br />

das obras que referenciam, mas nas presumidas posições<br />

que os historiadores assumiram em relação ao culto germanista ao<br />

escreverem sobre o passado da cida<strong>de</strong>.<br />

Isso diz respeito à segunda or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> problemas a que<br />

anteriormente me referi em relação às categorizações adotadas por<br />

Mathyas e que me parece atravessar o trabalho <strong>de</strong> outros historiadores<br />

<strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>. Ao promoverem <strong>uma</strong> espécie <strong>de</strong> etnicização da crítica<br />

historiográfica, penso que os historiadores 49 reforçaram a centralida<strong>de</strong> da<br />

configuração étnica urbana como pressuposto norteador para contraporse<br />

à “história tradicional” e incluir novos temas, objetos e sujeitos na<br />

história da cida<strong>de</strong>. Contudo tal etnicização, embora tenha sido eleita<br />

como princípio para opor e antagonizar autores, po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada<br />

como elemento <strong>de</strong> aproximação entre eles. Dessa perspectiva, creio que<br />

perscrutar tal centralida<strong>de</strong> presente tanto na reflexão histórica como<br />

na historiográfica a partir dos anos <strong>de</strong> <strong>1980</strong> po<strong>de</strong> ser um caminho<br />

explicativo e questionador sobre como os estudiosos se valem – e<br />

quais as razões para isso –dos termos e argumentos para representar<br />

as transformações urbanas provocadas pelos fluxos migratórios que<br />

cruzam os seus lugares sociais e latejam nas suas reflexões.<br />

Mathyas consi<strong>de</strong>ra como “efervescente fase historiográfica” os<br />

trabalhos que têm em comum as “fugas dos padrões ditos ‘tradicionais’”.<br />

49 Nisso incluo a minha dissertação <strong>de</strong> mestrado <strong>de</strong>fendida em 1993 pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />

<strong>de</strong> São Carlos no Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Ciências Sociais. Em 1990, recém-chegada<br />

a <strong>Joinville</strong>, a questão étnica me parecia sobressair <strong>de</strong> tal forma que convenci o meu orientador,<br />

Prof. Fernando <strong>de</strong> Azevedo, a reestruturar meu projeto <strong>de</strong> pesquisa, que então se voltava<br />

às concepções <strong>de</strong> cidadania propostas pelos intelectuais durante o Estado Novo. Ao estudar<br />

a história da cida<strong>de</strong>, bem como travar diálogo com alguns historiadores da Univille, entre<br />

eles Raquel S. Thiago, Afonso Imhof, Iara Andra<strong>de</strong> Costa, Antonio Piva e Elei<strong>de</strong> Abril<br />

Gordon Findley, e outros estudiosos que atuavam no Arquivo Histórico <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>, tais<br />

como Maria Thereza Boebel, Elly Herkenhoff e Apolinário Ternes, percebi que, para além<br />

do meu olhar paulistano, a discussão da cidadania no período passava aqui pela Campanha<br />

<strong>de</strong> Nacionalização. COELHO, Ilanil. <strong>Joinville</strong> e a Campanha <strong>de</strong> nacionalização. 1993. 139<br />

p. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Ciências<br />

Sociais, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> São Carlos, São Paulo, 1993.

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