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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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Carlos Gomes <strong>de</strong> Oliveira 41 e Apolinário Ternes 42 no grupo <strong>de</strong> autores<br />

“enquadrados” – para utilizar o termo da autora – na produção<br />

da “história local tradicional”. As semelhanças entre eles seriam<br />

evi<strong>de</strong>nciadas pela <strong>de</strong>fesa que fazem a favor da hegemonia germânica<br />

sobre os <strong>de</strong>stinos da cida<strong>de</strong>.<br />

Em que pese a aparente fragilida<strong>de</strong> da justificativa para o<br />

agrupamento <strong>de</strong> autores e <strong>de</strong> obras produzidas em épocas e com<br />

finalida<strong>de</strong>s tão diversas, Mathyas procura classificar a historiografia<br />

– se não <strong>de</strong> forma maniqueísta – utilizando adjetivações generalizantes,<br />

cuja função é dar visibilida<strong>de</strong> a princípios antagônicos que me parecem<br />

prevalecer na análise qualificadora das obras e dos autores, opondo-os<br />

em vez <strong>de</strong>, pelo diálogo teórico-metodológico, articulá-los no e ao campo<br />

historiográfico. Com isso, penso que existem duas or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> problemas.<br />

A primeira diz respeito às dificulda<strong>de</strong>s que tem em respon<strong>de</strong>r às pistas<br />

<strong>de</strong> interdiscurso que ela mesma explicita e que po<strong>de</strong>riam dar visibilida<strong>de</strong><br />

à historicida<strong>de</strong> das obras. A segunda relaciona-se à autopercepção <strong>de</strong><br />

seu lugar histórico, profissional e social que, por sua vez, inci<strong>de</strong> sobre<br />

o que é a operação historiográfica e os seus vínculos com o presente.<br />

Vejamos a primeira or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> problemas. A sua análise sobre<br />

a obra <strong>de</strong> Theodor Rodowicz-Oswiecimsky parte do pressuposto <strong>de</strong><br />

que haveria <strong>uma</strong> cronologia evolutiva da história tradicional local.<br />

Escrito em 1853, Mathyas consi<strong>de</strong>ra o texto como “o precursor <strong>de</strong><br />

todo o discurso construído acerca da germanida<strong>de</strong> e da epopéia<br />

vivida pelos primeiros colonizadores <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>”, muito embora<br />

tenha sido publicado e disponibilizado em português apenas em 1992.<br />

Consi<strong>de</strong>rando-o “prepotente”, ressalta que o autor teve por preocupação<br />

narrar “a verda<strong>de</strong>” dos acontecimentos. Nisso, minimiza o fato <strong>de</strong> que<br />

Rodowicz-Oswiecimsky se voltava não ao <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> escrever a história<br />

da colônia, mas, do seu lugar <strong>de</strong> i<strong>migrante</strong> e colono 43 e para os seus<br />

contemporâneos, relatar e <strong>de</strong>nunciar as dificulda<strong>de</strong>s da emigração e<br />

os <strong>de</strong>scontentamentos perante as precárias condições da então Colônia<br />

Dona Francisca, na expectativa <strong>de</strong> intervir no curso dos acontecimentos.<br />

41 OLIVEIRA, Carlos Gomes <strong>de</strong>. Op. cit.<br />

42 TERNES, Apolinário. A Notícia, jornalismo & história: 80 anos, um mundo <strong>de</strong> informação<br />

(1923-2003). Letradágua: <strong>Joinville</strong>, 2003; TERNES, Apolinário, 1981. Op. cit.<br />

43 Conforme o explicitado pelo autor no prefácio do relato. RODOWICZ-OSWIECIMSKY,<br />

Theodor. Op. cit.

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