08.05.2013 Views

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

158<br />

mas como instância que “põe em relação sujeitos e sentidos afetados<br />

pela língua e pela história”, cujos efeitos são “múltiplos e variados”.<br />

Por isso, não é possível tratá-lo opondo “o subjetivo ao objetivo, o<br />

processo ao produto” 3 . Nele (e por ele) mover-se-ia o complexo jogo<br />

<strong>de</strong> relações sociais e simbólicas que articularia, igualmente, processos<br />

<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação e <strong>de</strong> construções argumentativas sobre o real.<br />

Assim, o discurso, por meio da linguagem, não produz apenas<br />

sentidos, mas “está investido <strong>de</strong> significância para e por sujeitos” 4 nos<br />

contextos históricos em que são produzidos e lidos. Isso quer dizer que<br />

me voltando à compreensão dos discursos, tanto os historiográficos<br />

quanto os da imprensa, guardadas as especificida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada um, não<br />

posso lhes retirar a historicida<strong>de</strong>, sem a qual juízos extemporâneos<br />

sobre os seus termos e argumentos comprometeriam sua adoção como<br />

fonte <strong>de</strong> “significância para e por sujeitos”.<br />

Uma leitura que consi<strong>de</strong>re os dizeres não apenas como<br />

“mensagens a serem <strong>de</strong>codificadas”, mas como “efeitos <strong>de</strong> sentidos”<br />

que são criados e que <strong>de</strong> alg<strong>uma</strong> forma estão “presentes no modo<br />

como se diz”, ainda requer, segundo Orlandi, compreen<strong>de</strong>r a relação<br />

do “dizer com a exteriorida<strong>de</strong>”, pois o que é dito no discurso seria<br />

<strong>uma</strong> evidência sobre o que é dito também em outros lugares – ou<br />

mesmo sobre “o que não é dito” –, <strong>de</strong> modo a compreen<strong>de</strong>r que “as<br />

margens do dizer do texto também fazem parte <strong>de</strong>le” 5 .<br />

Se a língua é condição <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> do dizer, o dizer do<br />

discurso seria edificado por <strong>uma</strong> “prática discursiva”, ou seja, pelo<br />

exercício <strong>de</strong> relacionar palavras a significados sob “<strong>de</strong>terminadas<br />

condições”, incluindo a “memória” e os “esquecimentos” discursivos<br />

como elementos da sua produção.<br />

Ao proce<strong>de</strong>r a <strong>uma</strong> análise <strong>de</strong> discursos, essas questões, segundo<br />

a autora, <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas. Todavia são os dispositivos teóricos,<br />

interpretativos e <strong>de</strong> análise adotados pelo próprio pesquisador (na<br />

leitura que empreen<strong>de</strong>) que corroboram a noção <strong>de</strong> que o discurso é<br />

fonte permanentemente sujeita a mudanças.<br />

Não vou enveredar pelos campos metodológicos da “análise<br />

<strong>de</strong> discurso”, tal como proposta por Orlandi, pois, além <strong>de</strong> me faltar<br />

3 ORLANDI, Eni Puccinelli. Op. cit. p. 22.<br />

4 Id. Ibid. p. 26.<br />

5 Id. Ibid. p. 30.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!