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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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CaPÍtUlo ii<br />

2 QUando o assUnto É migração...<br />

Ser historiador é lidar com a morte <strong>de</strong> todas as<br />

coisas, inclusive <strong>de</strong> nossas certezas mais queridas.<br />

DURVAL MUNIZ DE ALBUQUERQUE<br />

JÚNIOR 1<br />

A análise das representações sobre a migração e sobre os<br />

<strong>migrante</strong>s em <strong>Joinville</strong> leva-me a <strong>de</strong>linear o <strong>de</strong>bate e a enveredar por<br />

ele, abarcando outras questões que, se não diretamente, indiretamente<br />

se relacionam com aquelas das quais me ocupei no primeiro capítulo.<br />

Até aqui busquei discutir os fluxos contemporâneos que passaram a<br />

atravessar a cida<strong>de</strong> a partir da década <strong>de</strong> <strong>1980</strong>. As festas que estu<strong>de</strong>i<br />

constituíram <strong>uma</strong> opção <strong>de</strong> trajeto que me levou a analisar, entre outras<br />

questões, as formas <strong>de</strong> apropriação e <strong>de</strong> criações que exprimiram<br />

diferentes práticas e sentimentos <strong>de</strong> pertencimento sobre o urbano.<br />

Neste capítulo, minha intenção é problematizar o que foi dito<br />

sobre o processo migratório com base nos discursos da historiografia<br />

e <strong>de</strong> alguns veiculados pela imprensa. Por conseguinte, procurarei<br />

compreen<strong>de</strong>r as diferentes perspectivas, aspectos, expressões e<br />

<strong>de</strong>signações que buscaram atribuir diferentes lugares, papéis e sentidos<br />

aos <strong>migrante</strong>s na história <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>.<br />

É preciso, entretanto, esclarecer meus propósitos nesta trabalhosa<br />

empreitada analítica, a fim <strong>de</strong> não criar expectativas que possam, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

já, provocar certo embaraço à compreensão dos meus argumentos.<br />

Não pretendo acreditar ou <strong>de</strong>sacreditar explicações.<br />

Em primeiro lugar, procurarei permear na minha análise a noção<br />

<strong>de</strong> discurso proposta pela linguista Eni P. Orlandi. Diz ela que o<br />

“discurso é efeito <strong>de</strong> sentidos entre locutores” 2 , e portanto, para analisálo,<br />

é preciso concebê-lo não apenas como transmissor <strong>de</strong> informação,<br />

1 ALBUQUERQUE JUNIOR, Durval Muniz <strong>de</strong>. o historiador naif ou a análise historiográfica<br />

como prática <strong>de</strong> excomunhão. Disponível em: Acesso em: 30 jul. 2009.<br />

2 ORLANDI, Eni Puccinelli. análise <strong>de</strong> discurso: princípios e procedimentos. Campinas:<br />

Pontes, 1999. p. 21.

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