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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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não tratar o bairro/pedaço como um fragmento isolado da cida<strong>de</strong>, entre<br />

outros aspectos, é preciso consi<strong>de</strong>rá-lo como lugar partilhável não apenas<br />

pelos “chegados”.<br />

A discussão <strong>de</strong> Magnani sobre as noções <strong>de</strong> “trajeto” e “circuito” ganhou<br />

também importância para que eu lidasse com outras formas <strong>de</strong> apropriação do<br />

espaço urbano, as quais ampliam a categoria “pedaço”. Diz ele:<br />

É a extensão e, principalmente, a diversida<strong>de</strong><br />

do espaço urbano para além do bairro que<br />

colocam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamentos<br />

por regiões distantes e não contíguas: [...] na<br />

paisagem mais ampla e diversificada da cida<strong>de</strong>,<br />

trajetos ligam equipamentos, pontos, manchas 300 ,<br />

complementares ou alternativos 301 .<br />

Assim, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> “trajeto” permite consi<strong>de</strong>rar as escolhas que<br />

movem os sujeitos urbanos e também a abertura e permeabilida<strong>de</strong> dos<br />

“pedaços” no território da cida<strong>de</strong>. Com isso, afasta-se o risco <strong>de</strong> cair<br />

n<strong>uma</strong> perspectiva reificadora, restritiva e i<strong>de</strong>alizada sobre a festa, o<br />

bairro e sobre os que nele habitam, e ao mesmo tempo se questiona, no<br />

caso do Itinga, a imagem com que a imprensa o veiculou: como bairro<br />

afastado, isolado e <strong>de</strong>sconectado do cultural urbano.<br />

O conceito <strong>de</strong> “circuito” é assim explicada pelo autor:<br />

Trata-se <strong>de</strong> <strong>uma</strong> categoria que <strong>de</strong>screve o exercício<br />

<strong>de</strong> <strong>uma</strong> prática ou a oferta <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado serviço<br />

por meio <strong>de</strong> estabelecimentos, equipamentos e<br />

espaços que não mantêm entre si <strong>uma</strong> relação <strong>de</strong><br />

contigüida<strong>de</strong> espacial, sendo reconhecido em seu<br />

conjunto pelos usuários habituais 302 .<br />

300 Pelo fato <strong>de</strong> me servir <strong>de</strong> categorias propostas por Magnani, é preciso esclarecer que por<br />

“mancha” o autor enten<strong>de</strong> <strong>uma</strong> forma <strong>de</strong> uso e or<strong>de</strong>nação do espaço urbano que consiste<br />

em áreas contíguas “dotadas <strong>de</strong> equipamentos que marcam seus limites e viabilizam – cada<br />

qual com sua especificida<strong>de</strong>, competindo ou complementando – <strong>uma</strong> ativida<strong>de</strong> ou prática<br />

predominante”. Por exemplo, <strong>uma</strong> mancha <strong>de</strong> lazer aglutina bares, restaurantes, cinemas etc.<br />

Como “pontos <strong>de</strong> referência para a prática <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas ativida<strong>de</strong>s”, suas sociabilida<strong>de</strong>s<br />

não se confun<strong>de</strong>m com as do “pedaço”, pois é o “lugar para cruzamentos não previstos, para<br />

encontros até certo ponto inesperados, para combinatórias mais variadas. N<strong>uma</strong> <strong>de</strong>terminada<br />

mancha sabe-se que tipo <strong>de</strong> pessoas ou serviços se vai encontrar, mas não quais, e é esta<br />

a expectativa que funciona como motivação para seus freqüentadores”. MAGNANI, José<br />

Guilherme Cantor, 2002. Op. cit. p. 23.<br />

301 Id. Ibid.<br />

302 Id. Ibid.

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