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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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[...] para as pessoas se divertirem e tem vários<br />

tipos <strong>de</strong> danças. Não tem <strong>uma</strong> regra específica.<br />

Esse ano foi apresentado dança <strong>de</strong> salão e dança<br />

alemã. Ano passado foi dança italiana. Tudo é<br />

livre na hora <strong>de</strong> dançar. As pessoas dançam o que<br />

querem e o que a banda da comunida<strong>de</strong> toca 297 .<br />

As crianças, “para não ficarem incomodando”, contam com<br />

recreação paralela. No <strong>de</strong>correr do dia há, ainda, <strong>uma</strong> “feira <strong>de</strong><br />

artesanato do bairro”. Os festejos são encerrados quando é servido “o<br />

gran<strong>de</strong> café da tar<strong>de</strong> com cuca e doces”.<br />

Sobre o número <strong>de</strong> participantes, nossa entrevistada informou que<br />

a festa vem crescendo. Embora sua divulgação tenha como principal<br />

veículo o “boca-a-boca”, os moradores do Itinga já não são a maioria.<br />

Disse-nos: “Vem gente <strong>de</strong> tudo quanto é canto. Todo tipo <strong>de</strong> gente:<br />

pobre, rica, média... Pessoas <strong>de</strong> outras comunida<strong>de</strong>s. Pessoas <strong>de</strong> outras<br />

cida<strong>de</strong>s, Curitiba, Criciúma, Barra do Sul, São Paulo. Têm, mais ou<br />

menos, 50% da própria comunida<strong>de</strong> e 50% são <strong>de</strong> fora” 298 .<br />

O Sr. Luiz Corrente ainda nos disse que conhece o Sr. Moacir<br />

Bogo 299 e, n<strong>uma</strong> ocasião, sugeriu-lhe que fosse feito um calendário das<br />

festas italianas da cida<strong>de</strong> que acontecem nos bairros. Seu intuito era<br />

que o Circolo Italiano ajudasse a divulgar a festa, já que, em várias<br />

ocasiões, alguns dos seus associados estavam presentes.<br />

Embora ainda não tenha tido a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participar da<br />

festa, as narrativas sobre a sua história e sua organização auxiliaram-me<br />

a enten<strong>de</strong>r a pertinência da noção <strong>de</strong> “pedaço” proposta por Magnani.<br />

Entre a casa e a rua, a festa reflete aquele domínio intermediário, o<br />

lugar dos “chegados”. Porém, ao que me parece, a Festa da Polenta do<br />

Itinga está se tornando um ponto <strong>de</strong> encontro <strong>de</strong> outros moradores <strong>de</strong><br />

<strong>Joinville</strong> e <strong>de</strong> outras cida<strong>de</strong>s. Dessa forma, é preciso retomar a relação<br />

entre os termos bairro e pedaço que acima estabeleci.<br />

Em primeiro lugar, é preciso questionar se um mesmo bairro<br />

po<strong>de</strong> incluir vários “pedaços” e se o contrário também po<strong>de</strong> ocorrer,<br />

<strong>uma</strong> vez que o componente espacial não reduz a noção <strong>de</strong> “pedaço”,<br />

por esta carrear igualmente práticas compartilhadas e re<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

sociabilida<strong>de</strong>s dos sujeitos sociais urbanos. Em segundo lugar, para<br />

297 SANTOS, Marilene Machado dos. Op. cit.<br />

298 Id. Ibid.<br />

299 Reconhecido, conforme tio Luizinho, como a principal li<strong>de</strong>rança étnica da italianida<strong>de</strong> em<br />

<strong>Joinville</strong>.

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