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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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Embora a Festa da Polenta do Vila Nova seja outra festa,<br />

a nossa participação parecia <strong>uma</strong> continuação do encontro<br />

realizado com o GDMR Cristo Rei. Logo que chegamos, fomos<br />

acolhedoramente recepcionados e convidados a sentar à mesa com<br />

as mulheres <strong>de</strong>sse grupo e com seus familiares. A expectativa era<br />

<strong>de</strong> que nos divertíssemos conhecendo a festa.<br />

A Sra. Mareli apresentou-me a Sra. Nadir Zermiani,<br />

coor<strong>de</strong>nadora geral do evento. Nessa oportunida<strong>de</strong>, percebi que<br />

havia sido acionada <strong>uma</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação comandada pelas<br />

mulheres do bairro, pois D. Nadir já sabia quem éramos e, mesmo<br />

no frenesi da festa, levou-me à cozinha, ao balcão <strong>de</strong> artesanatos<br />

e ao ponto <strong>de</strong> vendas <strong>de</strong> bebidas, lugares inacessíveis para os<br />

<strong>de</strong>mais festejadores. Em nosso percurso, duas coisas me chamaram<br />

a atenção. Em primeiro lugar, sua amabilida<strong>de</strong> especialmente se<br />

voltava para mim e não para meus dois colegas – homens e bem mais<br />

jovens. Penso que ela procurava estabelecer um vínculo baseado<br />

no gênero e na geração. Em segundo lugar, por inúmeras vezes D.<br />

Nadir foi abordada com pedidos e consultas relativas ao andamento<br />

da festa. Respon<strong>de</strong>u a todos, porém aparentemente para ela era<br />

mais importante que eu conhecesse, mesmo que apressadamente,<br />

<strong>de</strong>talhes sobre a organização e a <strong>de</strong>coração do local. Pareceu-me<br />

que mesmo estando lá para se divertir, enquanto historiadora, eu<br />

<strong>de</strong>veria consi<strong>de</strong>rar não apenas a Festa do Arroz, mas também a<br />

Festa da Polenta. Percebi que havia sido construída <strong>uma</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

expectativas em torno do meu trabalho. Convenci-me disso quando<br />

voltei a integrar o grupo do Cristo Rei. Uma senhora perguntou<br />

se eu havia gostado da minha incursão pela festa com a D. Nadir.<br />

Respondi afirmativamente e ela me disse que a Festa do Arroz era<br />

bem mais animada e bonita. Porém era na Festa da Polenta que ela<br />

mais se divertia. Contou-me que para as mulheres do GDMR Cristo<br />

Rei e do GDMR Santo Antônio as festas eram trabalho ou diversão,<br />

não havia meio-termo. Assim, ao trabalhar incansavelmente na<br />

Festa do Arroz, divertia-se na Festa da Polenta, especialmente por<br />

<strong>de</strong>leitar-se com o trabalho alheio.<br />

Penso que a porosida<strong>de</strong> do “pedaço”, naquela situação, pô<strong>de</strong> ser<br />

reconhecida. Em primeiro lugar, houve <strong>uma</strong> articulação i<strong>de</strong>ntitária<br />

entre as mulheres perante o “estrangeiro”, ou seja, ao “outro” que<br />

representa outro território (universida<strong>de</strong> e centro da cida<strong>de</strong>). Em

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