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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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139<br />

A origem do bairro Vila Nova é comumente relacionada ao processo<br />

<strong>de</strong> imigração alemã e à colonização da região a partir <strong>de</strong> 1851. Tal lugar foi<br />

i<strong>de</strong>ntificado como <strong>de</strong> terras férteis e <strong>de</strong> clima não tão úmido e importante para<br />

a ampliação dos limites da Colônia Dona Francisca, visto que a ligava ao pé da<br />

serra em direção à Curitiba 274 . Ali, no fim do século XIX, os administradores<br />

da Colônia já haviam erigido um rancho e direcionado famílias para a<br />

produção agrícola, já que no núcleo central e em suas adjacências os terrenos<br />

eram alagadiços. Na localida<strong>de</strong>, então conhecida como Águas Vermelhas, as<br />

famílias <strong>de</strong> i<strong>migrante</strong>s passaram a plantar arroz, milho e cana. Com pequenas<br />

vendas e armazéns, as ativida<strong>de</strong>s comerciais eram feitas por carroças que<br />

levavam mantimentos para o centro da Colônia em troca <strong>de</strong> roupas, farelo<br />

e sal. A picada <strong>de</strong> acesso transformou-se em estrada na década <strong>de</strong> 1930,<br />

quando o local passou a ser <strong>de</strong>nominado Vila Nova.<br />

A vinda <strong>de</strong> <strong>migrante</strong>s <strong>de</strong> origem italiana ocorreu a partir <strong>de</strong> 1950.<br />

Procediam <strong>de</strong> Ascurra, Ro<strong>de</strong>io e Rio dos Cedros. Conforme o que relatou o<br />

agricultor Abramo Dalfovo ao jornal A Notícia 275 , em função da escassez <strong>de</strong><br />

terras nos seus locais <strong>de</strong> origem, as famílias dirigiram-se à Estrada do Sul<br />

e, no local, compraram lotes, passando a produzir arroz. Ainda em 1997, o<br />

agricultor informou que seus <strong>de</strong>z filhos, cada qual com seu lote, trabalhavam<br />

na lavoura. A produção era vendida para outra família <strong>de</strong> <strong>migrante</strong>s <strong>de</strong> origem<br />

italiana da região, os Poffo. O patriarca, também proveniente <strong>de</strong> Ascurra,<br />

montou um sistema <strong>de</strong> beneficiamento <strong>de</strong> arroz que passou a absorver toda<br />

a produção <strong>de</strong> pequenos agricultores. O negócio prosperou e a empresa,<br />

a maior da região, produzia em 1997 12 mil toneladas/ano. Além disso,<br />

segundo o Sr. Alceu Poffo, a família contava com o maior poço artesiano<br />

do norte <strong>de</strong> Santa Catarina. A água servia ao cultivo do produto. A falta <strong>de</strong><br />

fornecimento <strong>de</strong> água, aliás, levou a maior parte das famílias a possuir seus<br />

próprios poços artesianos.<br />

De acordo com A Notícia, o bairro, a partir da década <strong>de</strong> <strong>1980</strong>, passou<br />

a atrair a atenção das imobiliárias. O primeiro loteamento trouxe novos<br />

moradores, e isso, segundo os mais antigos, colocou em risco a produção<br />

do arroz e a tranquilida<strong>de</strong> do lugar. Opinião contrária teve o Sr. Dario<br />

Rudiger, morador do loteamento Parque 15 <strong>de</strong> Novembro, já que o aumento<br />

da população do bairro forçou a Prefeitura a melhorar a infraestrutura da<br />

região 276 .<br />

274 ASSUNÇÃO, Luis Fernando. Vila Nova: terras férteis atraíram primeiros moradores. a<br />

notícia, <strong>Joinville</strong>, 15 jun. 1997d.<br />

275 Id. Ibid.<br />

276 Id. Ibid.

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