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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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torno <strong>de</strong> um objeto que é celebrado e comemorado<br />

e cujo produto principal é a simbolização da<br />

unida<strong>de</strong> dos participantes na esfera <strong>de</strong> <strong>uma</strong><br />

<strong>de</strong>terminada i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> 267 .<br />

Segundo sua análise, a festa po<strong>de</strong> ser e significar muita coisa.<br />

É, sobretudo, um momento marcante para o estabelecimento <strong>de</strong> elos<br />

i<strong>de</strong>ntitários, mesmo aquelas que têm como polo agregador “<strong>uma</strong><br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> por vezes fugidia entre participantes díspares e <strong>de</strong>sconectados,<br />

como parece ser o caso <strong>de</strong> muitas festas na chamada socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

massas, que muitos rejeitam como negação da festa”. Po<strong>de</strong> ser mais<br />

ou menos cooperativa e consensual ou abertamente competitiva e<br />

conflituosa, pondo em risco, neste caso, os sentidos que se propunha<br />

produzir. Alg<strong>uma</strong>s vezes, ao tentar impor <strong>de</strong>terminada “i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>” ao<br />

conjunto da socieda<strong>de</strong>, “seus sentidos po<strong>de</strong>m ser forçados, manipulados,<br />

disfarçados” 268 .<br />

De maneira abrangente, a festa po<strong>de</strong>, assim, compreen<strong>de</strong>r <strong>uma</strong><br />

abundância <strong>de</strong> sentidos. Entretanto, para o autor, permanece o fato <strong>de</strong><br />

que tais sentidos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m “dos participantes, eventuais ou <strong>de</strong>sejados,<br />

cuja presença e envolvimento <strong>de</strong>terminam o sucesso e o significado<br />

último <strong>de</strong> qualquer festa”. Além disso, mesmo que se tente controlá-la,<br />

<strong>uma</strong> festa é “um ato coletivo por excelência, produzindo i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, mais<br />

ou menos provisória, e em diferentes graus, para seus participantes” 269 .<br />

Por fim, tal qual propõe a etnografia <strong>de</strong> Magnani, Guarinello chamanos<br />

a atenção para o fato <strong>de</strong> que nenh<strong>uma</strong> festa po<strong>de</strong> ser compreendida<br />

“plenamente <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si”, visto estar inscrita n<strong>uma</strong> re<strong>de</strong> mais ampla<br />

<strong>de</strong> práticas e significados.<br />

Toda essa discussão, embora para o leitor possa parecer<br />

“fora do lugar” – já que a essa altura a minha narrativa histórica já<br />

procurou persistentemente construir sentidos às festas que pretendiam<br />

espetacularizar <strong>uma</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> atribuída aos joinvilenses –, recoloca a<br />

importância <strong>de</strong> estudar outras festas, agora em dois bairros da cida<strong>de</strong>:<br />

Vila Nova e Itinga.<br />

Antes, porém, um parêntese para <strong>de</strong>limitar a minha compreensão<br />

sobre bairro. Mais do que <strong>uma</strong> divisão territorial da cida<strong>de</strong>, apoio-me<br />

267 GUARINELLO, Norberto Luiz. Op. cit. p. 972.<br />

268 Id. Ibid. p. 973.<br />

269 Id. Ibid. p. 974.

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