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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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me auxilia a introduzir a discussão sobre hibridismos margeantes,<br />

atravessados por práticas culturais e vivências cotidianas <strong>de</strong> <strong>migrante</strong>s<br />

joinvilenses e seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, nas orlas da cida<strong>de</strong>.<br />

1.7 HIBRIDISMOS MARGEANTES<br />

Qualquer festa é <strong>uma</strong> festa porque é outra festa. Essa é a melhor<br />

<strong>de</strong>finição que consegui elaborar diante das leituras e reflexões sobre<br />

o tema. Embora seja bastante discutida no campo da antropologia e<br />

da história, baseei-me na abordagem do historiador Norberto Luiz<br />

Guarinello para eleger a festa como “porta <strong>de</strong> entrada”, ou melhor, mote<br />

<strong>de</strong>ste primeiro capítulo, o qual tem por objetivo analisar, no campo da<br />

História Cultural, os fluxos migratórios na cida<strong>de</strong> contemporânea.<br />

De acordo com Guarinello, qualquer conceito sobre festa que se<br />

pretenda generalizante esbarra nos seus sentidos fluidos, negociáveis e<br />

contestáveis, atribuídos por parte tanto daqueles que a estudam como<br />

dos que a fazem ou <strong>de</strong>la participam. Para ele:<br />

Festa, com efeito, não é um termo neutro, mas<br />

o centro <strong>de</strong> <strong>uma</strong> polêmica; sua <strong>de</strong>finição mexe<br />

conosco, com nossos valores, com nossa visão<br />

<strong>de</strong> mundo. Freqüentemente julgamos, criticamos,<br />

analisamos as festas que nos cercam disputando<br />

seu sentido. A própria <strong>de</strong>finição social <strong>de</strong> festa é,<br />

assim, um palco no qual se <strong>de</strong>frontam diferentes<br />

interpretações do viver em socieda<strong>de</strong> 262 .<br />

Mais ainda, seus múltiplos sentidos implicam não apenas aspectos<br />

históricos, mas também lúdicos e subjetivos, pois <strong>uma</strong> festa po<strong>de</strong> ser<br />

diversão para alguns e não para outros. Diante disso, a complexida<strong>de</strong> do<br />

tema festa é minimizada à medida que as questões sobre suas funções<br />

e seus significados são discutidas na sua própria contextualida<strong>de</strong>.<br />

O posicionamento do autor subsidia a abordagem aqui adotada<br />

sobre as festas. Ao <strong>de</strong>frontar-me inicialmente com alguns trabalhos<br />

<strong>de</strong> antropólogos, tive dificulda<strong>de</strong>, por inúmeras vezes, em esboçar um<br />

paralelo entre as festas por mim estudadas e as categorias <strong>de</strong> festas<br />

que se insinuavam. Não se trata, entretanto, <strong>de</strong> tomar um caminho que<br />

262 GUARINELLO, Norberto Luiz. Op. cit.

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