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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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Além do sutil <strong>de</strong>bate entre os jornalistas, a festa inquietava os<br />

espíritos empresariais. Na época, o Sr. Bento dos Santos, responsável<br />

pelo evento, rebatia as críticas afirmando que a festa estava respeitando<br />

aquilo que o público pedia. Mesmo assim, afirmava: “Vamos discutir<br />

com a socieda<strong>de</strong> se existe realmente a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> se transformar a<br />

Fenachopp n<strong>uma</strong> festa 100% típica. Por enquanto está agradando e<br />

temos conseguido equilibrar as contas, pelo menos” 239 .<br />

No término da festa, a situação parecia ser bem preocupante.<br />

O ecletismo teria atingido também a gastronomia. Houve queda no<br />

consumo dos pratos típicos e um aumento <strong>de</strong> 40% no consumo <strong>de</strong><br />

pastéis, cachorros-quentes, sanduíches e espetinhos <strong>de</strong> frango. O público<br />

contabilizado em 119 mil foi abaixo do esperado, porém manteve a<br />

média <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> cerveja. O negócio estava em risco.<br />

No competitivo mercado festivo, o <strong>de</strong>snudamento <strong>de</strong> Apolo expôs<br />

alg<strong>uma</strong>s contradições que envolveram a reinvenção da cida<strong>de</strong>-mercado<br />

voltada ao lazer e turismo. Mais do que construir <strong>uma</strong> imagem-síntese<br />

diante dos hibridismos <strong>de</strong>spidos, cuja direção me parece ter sido a da<br />

espetacularização da diversida<strong>de</strong> cultural da cida<strong>de</strong>, os <strong>de</strong>safios dos<br />

construtores da imagem-cida<strong>de</strong> consistiam em harmonizar e otimizar<br />

os diferentes interesses econômicos. Em outras palavras, evocar a<br />

imagem-cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lazer-turismo representava <strong>de</strong>frontar-se e negociar<br />

com a cida<strong>de</strong> indústria-trabalho.<br />

Como <strong>de</strong>staquei anteriormente, o processo <strong>de</strong> globalização das<br />

empresas joinvilenses trouxe alguns déficits. À elevação da produtivida<strong>de</strong><br />

do trabalho e da receita industrial correspon<strong>de</strong>ram o aumento <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>semprego e a queda dos níveis salarias no setor. Em função da<br />

mo<strong>de</strong>rnização dos processos produtivos, as inovações tecnológicas e<br />

<strong>de</strong> gestão impulsionaram a tercerização. Pequenas empresas passaram<br />

a ocupar um papel estratégico no difícil cenário social urbano. Nesse<br />

processo, além do comércio, o turismo passou a <strong>de</strong>spontar como setor<br />

potencialmente lucrativo.<br />

Em 2001, por ocasião da passagem do Sesquicentenário <strong>de</strong><br />

<strong>Joinville</strong>, o empresário e então presi<strong>de</strong>nte da Associação Comercial e<br />

Industrial <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>, Moacir G. Thomazi, fez um balanço da “versátil<br />

economia joinvilense”. Em que pese o tom laudatório da abordagem, o<br />

capítulo da obra, “<strong>Joinville</strong> – Leituras da cida<strong>de</strong>” 240 , traz informações<br />

que nos ajudam a enten<strong>de</strong>r, sob a ótica empresarial, o processo <strong>de</strong><br />

239 RIGOTTI, Genara. Op. cit.<br />

240 TERNES, Apolinário (Org.). <strong>Joinville</strong>: 150 anos. <strong>Joinville</strong>: Letradágua, 2001.

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