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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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A Fenachopp, acontecendo ou não, seria mais <strong>uma</strong> pincelada nessa<br />

imagem-cida<strong>de</strong>. Ao ser divulgada, pouco importavam as polêmicas e<br />

tensões que a envolviam. Era mais um item a ser vendido, se não no<br />

presente, no futuro da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “lazer e turismo” que era projetada.<br />

Todavia penso ser necessário embrenhar-me nos tensos <strong>de</strong>bates travados<br />

na imprensa e que envolveram políticos, empresários e pessoas dos mais<br />

variados lugares sociais. Neles, não <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> convergir as pressões<br />

do mercado festivo estadual e dos novos gostos populares urbanos.<br />

A Fenachopp foi criada em 1988 e, como já havia sido observado<br />

pela historiadora Maria Bernar<strong>de</strong>te Ramos Flores, embora o folclorismo<br />

germânico estivesse presente, rock e chope combinavam-se atraindo um<br />

maior público para a Expoville 228 .<br />

A jornalista Nelci Arnhold, ao aclamar a festa e <strong>de</strong>fendê-la das<br />

acusações <strong>de</strong> ser cópia da Oktoberfest <strong>de</strong> Blumenau, criada quatro anos<br />

antes, explicava que a cerveja, mote central da festa, “<strong>de</strong> germânica só<br />

tem a origem, porque apreciada ela é por pessoas <strong>de</strong> qualquer cor ou<br />

nacionalida<strong>de</strong>”. Tal explicação pretendia motivar os joinvilenses que<br />

não tinham sobrenome alemão a participar da festa, “pois a alegria é<br />

um direito <strong>de</strong> todos, seja ela manifestada em alemão, japonês, francês<br />

ou oriental”. Segundo sua avaliação, o valor da Fenachopp estava na<br />

maneira como nasceu: “Um grupo <strong>de</strong> pessoas que acreditam no futuro<br />

turístico <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong> e acham perfeitamente viável para a cida<strong>de</strong> <strong>uma</strong><br />

gran<strong>de</strong> festa que movimente a comunida<strong>de</strong> e que traga turistas <strong>de</strong> todo<br />

o Brasil e <strong>de</strong> vários países” 229 .<br />

O ecletismo que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início marcou a Fenachopp não era o único<br />

elemento que a distinguia <strong>de</strong> suas congêneres. A distinção que consi<strong>de</strong>ro<br />

mais saliente é que a criação, a gestão e a finalização da festa foram<br />

impulsionadas pela iniciativa privada e não pela municipalida<strong>de</strong>, embora<br />

a Prefeitura fosse apoiadora em todas as edições. O empreendimento<br />

tinha um dono, o empresário Laércio Beckhauser.<br />

Em 1989, intitulando-se “pai da Fenachopp”, “mestre cervejeiro”<br />

e “introdutor da cerveja caseira no Brasil”, o Sr. Beckhauser contou<br />

ao jornal A Notícia 230 que, muito antes da Oktoberfest blumenauense,<br />

i<strong>de</strong>alizou o Festival Nacional da Cerveja Caseira – Fenacerca. A i<strong>de</strong>ia,<br />

entretanto, só viria a evoluir com o apoio do Lions Clube <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong><br />

228 FLORES, Maria Bernar<strong>de</strong>te Ramos. Op. cit. p. 30.<br />

229 ARNHOLD, Nelci. <strong>Joinville</strong> entra firme na Fenachopp. a notícia, <strong>Joinville</strong>, 12 out.<br />

1988.<br />

230 BECKHAUSER, o pai da Fenachopp. a notícia, <strong>Joinville</strong>, p. 17, 5 out. 1989.

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