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Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

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109<br />

Ou seja, <strong>de</strong> apropriação <strong>de</strong> si mesma. Precisamos<br />

conhecer o que já fomos e fizemos, justamente<br />

para construir o presente com a competência que<br />

o futuro nos exige 207 .<br />

Ao procurar dar sentido aos termos e aos seus lugares no meu<br />

discurso historiográfico, busquei esmiuçar a cida<strong>de</strong> que “subia” ao palco<br />

da Festa das Tradições. Seus dilemas, refletidos até aqui por meio <strong>de</strong><br />

narrativas, análises e teorias, empurraram-me novamente para aquela<br />

tar<strong>de</strong> <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2006.<br />

1.4 AROMAS HÍBRIDOS E COMENSALIDADE FESTIVA<br />

O sociólogo Néstor García Canclini <strong>de</strong>stacou, em obras<br />

conhecidas 208 , a importância da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> hibridismo para a análise dos<br />

processos culturais contemporâneos. Interconexões, cruzamentos e<br />

intercâmbios fundamentam a noção <strong>de</strong> que não é possível pensar, ou<br />

mesmo categorizar, cultura como um substantivo, ancorada supostamente<br />

n<strong>uma</strong> tradição ou num local. Melhor seria tratá-la como adjetivo, ou seja,<br />

como cultural. Essa dimensão nos permite falar da diferença (cultural)<br />

como processo e meio pelo qual a relação entre os sujeitos se efetua. O<br />

hibridismo seria, nessa perspectiva, um modo <strong>de</strong> combate às “formas<br />

binárias” <strong>de</strong> pensar a diferença, já que vivê-la envolve interlocuções<br />

(com os outros) não apenas marcadas por conflitos, mas também por<br />

acordos, interações e combinações. Para Canclini, a expansão urbana é<br />

fator <strong>de</strong> intensificação do hibridismo, já que o crescimento vertiginoso<br />

das cida<strong>de</strong>s impulsionou “<strong>uma</strong> trama majoritariamente urbana, em<br />

que se dispõe <strong>de</strong> <strong>uma</strong> oferta simbólica heterogênea, renovada por <strong>uma</strong><br />

constante interação do local com re<strong>de</strong>s nacionais e transnacionais” 209 .<br />

Dessa forma, as relações interculturais impulsionadas pelos processos<br />

globais, incluindo os movimentos migratórios em todas as direções,<br />

207 TERNES, Apolinário. Resgatar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e reconstruir a esperança. a notícia, <strong>Joinville</strong>,<br />

9 mar. 1997. Especial <strong>Joinville</strong> 146 Anos.<br />

208 Refiro-me às seguintes obras: CANCLINI, Néstor García. Culturas híbridas: estratégias<br />

para entrar e sair da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Tradução <strong>de</strong> Ana Regina Lessa e Heloísa Pezza Cintrão.<br />

3. ed. São Paulo: Edusp, 2000 e CANCLINI, Néstor García, 2003. Op. cit.<br />

209 CANCLINI, Néstor García, 2000. Op. cit. p. 285.

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