08.05.2013 Views

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

Pelas tramas de uma cidade migrante (Joinville, 1980-2010)

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

100<br />

A 4.ª edição da Festa Nacional do Tiro foi aclamada como<br />

manifestação cultural genuína, agora empenhada em fraternizar os<br />

diferentes. Combatendo acusações que taxaram como “cafonice” o<br />

<strong>de</strong>sfile e a abertura da festa no centro da cida<strong>de</strong>, o jornal A Notícia<br />

questionava:<br />

Ela [<strong>Joinville</strong>] não foi fundada por gente brava,<br />

pioneira e corajosa? Pois, os <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>ssa<br />

gente brava, pioneira e corajosa festejam na Praça<br />

Nereu Ramos os legados dos seus antepassados.<br />

Os anti-cafonas que se recolham à sua opinião<br />

e <strong>de</strong>ixem a alegria extravasar. De <strong>de</strong>scendência<br />

alemã, suíça, norueguesa, portuguesa ou<br />

brasileiros natos? Qual é a diferença? São todos<br />

irmãos, são todos joinvilenses 180 .<br />

Como se vê, a reportagem, sem assinatura, evoca um passado<br />

sugestivo <strong>de</strong> feitos heroicos para fortalecer no presente <strong>uma</strong> festa que,<br />

se não apropriada pelos mais críticos, <strong>de</strong>veria ser respeitada pela sua<br />

notabilida<strong>de</strong> histórica, sob a qual se impunha igualmente a reverência<br />

à “alegria” extravasada dos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>sses pioneiros.<br />

Porém, a <strong>de</strong>speito dos esforços em prol da valorização da<br />

germanida<strong>de</strong>, outras tradições passaram a disputar o público das<br />

festas ou, incomodamente, ganhavam novos festejadores. Refiro-me à<br />

italianida<strong>de</strong> e ao tradicionalismo gaúcho.<br />

Em 1992, a italianida<strong>de</strong> emergiu como um passado re<strong>de</strong>scoberto 181<br />

e foi festejada na Vinvêneto. A festa teve 11 edições 182 e trazia como<br />

principais atrações a gastronomia e as apresentações musicais do<br />

“folclore italiano”, com a participação <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> outras cida<strong>de</strong>s<br />

catarinenses, como a Banda Padre Sabatini, <strong>de</strong> Nova Trento, e o Coral<br />

Flor do Vale, <strong>de</strong> Ascurra.<br />

180 FENATIRO revive as tradições. a notícia, <strong>Joinville</strong>, 20 maio 1992.<br />

181 Conforme discutido na apresentação do estan<strong>de</strong> italiano.<br />

182 Mesmo que os registros históricos não autenticassem aos italianos um lugar nas “barcas”<br />

que trouxeram os i<strong>migrante</strong>s europeus para a região, a explicação para o fato <strong>de</strong> a etnia<br />

italiana fazer-se forte na cida<strong>de</strong> consiste na “atrativida<strong>de</strong>” <strong>de</strong> <strong>Joinville</strong>. Segundo um editorial<br />

<strong>de</strong> A Notícia, “é algo inerente à sua personalida<strong>de</strong>, um componente que os forasteiros não<br />

sabem explicar, um ímã imaginário que os pren<strong>de</strong> neste pedaço <strong>de</strong> solo catarinense”. FELIZ<br />

aniversário. a notícia, <strong>Joinville</strong>, p. 2, 9 mar. 1991.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!