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UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG

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CAPÍTULO IV<br />

A AÇÃO DA FEDERAÇÃO DE <strong>UMBANDA</strong> E<br />

CANDOMBLÉ DE GOIÁS (1969-1999)<br />

A Fe<strong>de</strong>ração umbandista goiana surgiu exatamente trinta anos <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> surgir a<br />

primeira Fe<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> Umbanda do país. Trata-se da União Espírita <strong>de</strong> Umbanda no<br />

Brasil (UEUB), surgida em 1939 no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Tal União foi a responsável pela<br />

organização do I Congresso Espírita <strong>de</strong> Umbanda do Brasil, em 1941 na referida cida<strong>de</strong>,<br />

congresso no qual ficaram <strong>de</strong>finidas as bases históricas e mitológicas da Umbanda, já<br />

analisadas em nosso capítulo anterior.<br />

A partir <strong>de</strong>sta data, várias Fe<strong>de</strong>rações surgiram em todo o país. Em 1953<br />

surgiram as primeiras fe<strong>de</strong>rações em São Paulo, como a Fundação Umbandista do<br />

Estado <strong>de</strong> São Paulo (FUESP). Dentre as principais preocupações <strong>de</strong>stas fe<strong>de</strong>rações<br />

estava a codificação da doutrina e ritualística umbandista, percebida pelos vários<br />

congressos realizados no Rio e em São Paulo que apresentavam este objetivo; a<br />

proteção aos terreiros contra a ação <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>tratores, principalmente o Estado (pela<br />

ação da polícia), a Igreja Católica e a imprensa, que combatiam sistematicamente a<br />

prática umbandista em nome da paz e dos bons costumes; e por último existia uma<br />

preocupação em fiscalizar e normatizar os rituais realizados pelos diversos terreiros,<br />

para conter atitu<strong>de</strong>s consi<strong>de</strong>radas “abusos” ou contrárias aos “princípios” da religião,<br />

conforme já analisamos. Segundo Lísias Negrão,<br />

as fe<strong>de</strong>rações passaram, <strong>de</strong> certa forma, a incorporar as críticas que eram<br />

dirigidas à Umbanda. Procurando fugir aos seus estigmas <strong>de</strong> origem, tentaram<br />

extirpar <strong>de</strong> seus rituais tudo aquilo que pu<strong>de</strong>sse ser percebido como primitivo,<br />

bárbaro ou evi<strong>de</strong>ntemente negro (NEGRÃO, 1996, p. 86).<br />

Em Goiás, a Fe<strong>de</strong>ração surge num período em que o Brasil passava por um<br />

momento <strong>de</strong>licado <strong>de</strong> sua história. A chamada Revolução <strong>de</strong> 1964 inaugurou um<br />

período <strong>de</strong> perseguições e restrições dos direitos dos cidadãos, com o po<strong>de</strong>r no país<br />

sendo assumido pelos militares. Paradoxalmente, a situação da Umbanda no país<br />

melhorou com o regime militar, como nos informa Lísias Negrão:<br />

Apesar <strong>de</strong> instituir um regime ditatorial e implicar um rompimento com o<br />

populismo do período anterior, o golpe <strong>de</strong> 1964 não reeditou a prática<br />

repressiva contra os cultos afro-brasileiros do Estado Novo. (...) Com a<br />

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