UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG
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A <strong>de</strong>claração da Umbanda como cristã e espírita-kar<strong>de</strong>cista procurava vinculá-la<br />
às maiores religiões da época, e que gozavam <strong>de</strong> uma maior aceitação social. Além<br />
disto, <strong>de</strong>claravam-na como ecumênica, movimento que parte da Igreja Católica e que<br />
visa a boa convivência entre as diversas religiões cristãs; e o principal: moralizada, o<br />
que queria dizer que na verda<strong>de</strong>ira Umbanda não se encontravam práticas consi<strong>de</strong>radas<br />
amorais, como a realização <strong>de</strong> trabalhos espirituais que visassem prejudicar outras<br />
pessoas. Concluía o documento que a Umbanda não representava nenhum “perigo” à<br />
socieda<strong>de</strong> e, portanto, não tinha porque haver restrições à sua prática, já que nesta<br />
década a Umbanda continuava sendo perseguida, principalmente pela imprensa, como o<br />
jornal O Estado <strong>de</strong> S. Paulo, e pelo catolicismo.<br />
Como vimos no segundo capítulo, estas iniciativas levaram, por exemplo, ao<br />
fortalecimento do mito fundador da Umbanda, e <strong>de</strong> sua história mítica vinculada às<br />
religiões da lendária Atlântida e da Lemúria, idéias que se inseriam no i<strong>de</strong>al civilizador<br />
do Estado Novo, o qual procurava fundar a nova nação brasileira <strong>de</strong>svinculada <strong>de</strong> tudo o<br />
que consi<strong>de</strong>rava “atrasado” e “bárbaro”. Não seria diferente com a Fe<strong>de</strong>ração em Goiás,<br />
que ao longo <strong>de</strong> toda sua existência <strong>de</strong>monstrava <strong>de</strong> forma clara sua preocupação com a<br />
realização, por parte dos terreiros, <strong>de</strong> práticas consi<strong>de</strong>radas con<strong>de</strong>náveis, e assim exercia<br />
uma fiscalização constante <strong>de</strong>stes terreiros para coibir tais práticas, como veremos<br />
adiante.<br />
Outra preocupação expressa nestas primeiras reuniões dos presi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />
Centros <strong>de</strong> Goiás foi com a existência <strong>de</strong> uma Fe<strong>de</strong>ração na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Anápolis,<br />
chamada Fe<strong>de</strong>ração Espiritualista <strong>de</strong> Umbanda Sete Luas Indú Cerami, que segundo<br />
informações fornecidas pelo próprio Sr. Luís F. Salles, atuava naquela cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />
década <strong>de</strong> cinquenta. Infelizmente não conseguimos maiores <strong>de</strong>talhes sobre esta<br />
Fe<strong>de</strong>ração, que fora fundada e administrada pelo Sr. Benício Alves dos Anjos. O Sr.<br />
Luiz afirmou que tal fe<strong>de</strong>ração não se prontificou a “colaborar com nossos trabalhos”, e<br />
que foi consi<strong>de</strong>rada não tendo os “requisitos suficientes” 48 .<br />
Na reunião seguinte, realizada já em 1969, aos cinco dias do mês <strong>de</strong> janeiro, na<br />
se<strong>de</strong> do Centro Espírita Anjo Ismael, no Setor Ferroviário, foi feita a fundação oficial da<br />
instituição, com a leitura do estatuto elaborado pelo Sr. Luís Fernan<strong>de</strong>s Salles, eleito na<br />
ocasião primeiro presi<strong>de</strong>nte do órgão. Nascia ali a Fe<strong>de</strong>ração Umbandista do Estado <strong>de</strong><br />
Goiás (FUEGO), ainda sem se<strong>de</strong> própria. Compareceram à reunião presi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />
48 Ata Extraordinária <strong>de</strong> Reuniões dos Presi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Centros Umbandistas da Capital <strong>de</strong> 26/12/68. In: 1º<br />
Livro <strong>de</strong> Atas da Fe<strong>de</strong>ração Umbandista do Estado <strong>de</strong> Goiás, Goiânia, 15/12/68.<br />
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