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UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG

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‘científicas, filosóficas e religiosas’ do espiritismo e, principalmente, a prática da<br />

carida<strong>de</strong>, um dos i<strong>de</strong>ais espíritas para a salvação” (BRUZADELLI, 2008, p. 136).<br />

A partir da década <strong>de</strong> quarenta, dois importantes veículos <strong>de</strong> divulgação da<br />

doutrina espírita surgiram em Goiânia. Em 1943 foi fundada a Agremiação Espírita Dr.<br />

Adolfo Bezerra <strong>de</strong> Menezes. Logo <strong>de</strong>pois surge o primeiro jornal espírita <strong>de</strong> Goiás, o<br />

Goyaz Espírita. Esse jornal que, entre outras coisas, divulgava “reuniões espíritas e<br />

textos referentes à doutrina para a <strong>de</strong>fesa das acusações <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong> ‘macumba’ (num<br />

texto repetido em várias edições, em que se afirma que no ‘espiritismo não há velas’ e<br />

não ‘se pratica o mal’)” e atacava “diversas vezes outras religiões, especialmente a<br />

católica que era acusada <strong>de</strong> ser ‘aliada do estado’” (BRUZADELLI, 2008, p. 137).<br />

Percebe-se assim que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, uma característica do espiritismo<br />

goianiense era a sua preocupação em diferenciar-se das práticas consi<strong>de</strong>radas “não-<br />

recomendadas” 38 , a que eles se referiam pelo termo genérico <strong>de</strong> macumba. Tais idéias<br />

se coadunavam com a visão e preocupação que os espíritas brasileiros tinham, em outras<br />

capitais on<strong>de</strong> esta religião já se estabelecera a mais tempo, <strong>de</strong> se diferenciarem e até<br />

mesmo combaterem as práticas afro-brasileiras.<br />

Como vimos no capítulo anterior, na década <strong>de</strong> quarenta a Umbanda já havia se<br />

estabelecido no país, contando já com fe<strong>de</strong>rações no Rio <strong>de</strong> Janeiro, e tendo realizado<br />

seu primeiro congresso nacional em 1941, portanto, já era religião conhecida dos<br />

brasileiros. Daí a preocupação dos goianienses em se diferenciar <strong>de</strong> tais práticas, o que<br />

<strong>de</strong>monstra, aliás, que se o citado jornal se preocupava em <strong>de</strong>nunciar as práticas <strong>de</strong><br />

“macumba”, provavelmente era porque na nova capital já começavam a aparecer os<br />

primeiros representantes <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> práticas.<br />

As duas casas espíritas já citadas, juntamente com outras recém fundadas,<br />

como “Paz em Jesus”, “Amor, Carida<strong>de</strong> e Luz”, “Grupo Ismael”, “Amor e<br />

Carida<strong>de</strong>”, “Centro Santo Agostinho” e a “Escola Caibar Schutel” organizam a<br />

Primeira Semana Espírita <strong>de</strong> Goiânia, nos dias 21 a 27 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1947.<br />

(...) Da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aglutinação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ais surge, no dia 3 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong><br />

1950, a “União Espírita Goiana”, na já citada Agremiação “Dr. Adolfo Bezerra<br />

<strong>de</strong> Menezes”, que buscava exercer no Estado as mesmas atribuições da FEB no<br />

que tange o país inteiro (BRUZADELLI, 2008, p. 137).<br />

Esta União Espírita Goiana mais tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>u origem à Fe<strong>de</strong>ração Espírita do<br />

Estado <strong>de</strong> Goiás (FEEGO), que em 1992 se constitui em sua se<strong>de</strong> própria, localizada no<br />

Setor Sul. É interessante notar como, apesar <strong>de</strong> combater o que chamava vulgarmente<br />

38 Termo utilizado pelo Sr. Air Gomes, em entrevista concedida a mim no dia 29/03/08.<br />

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