UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG
UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG
UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
oferecer, para os novos grupos políticos em ascensão, condições favoráveis<br />
para continuar a sediar a capital <strong>de</strong> um estado em vias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
(SILVA, 2006, p. 20).<br />
No fundo os reais motivos da transferência diziam respeito às disputas políticas<br />
entre Pedro Ludovico e o grupo dos Caiado, que tinham gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r político na antiga<br />
capital, mesmo porque, apesar <strong>de</strong> todos os discursos, o local escolhido para a construção<br />
da nova capital não apresentava tão melhores condições em relação à Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás.<br />
A principal meta do interventor era afastar o po<strong>de</strong>r da então capital, on<strong>de</strong> os Caiado<br />
ainda exerciam uma forte influência política, e centralizá-lo em uma nova capital a ser<br />
construída, objetivos que são atingidos com o início da construção <strong>de</strong> Goiânia em 1933.<br />
O local escolhido para sua construção fora as imediações da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campinas.<br />
Localizada no centro-sul do estado, a pequena cida<strong>de</strong> gozava <strong>de</strong> fama <strong>de</strong> “lugar<br />
saudável, quase bucólico, <strong>de</strong> clima bom” (OLIVEIRA, 1999, p. 35).<br />
Assim, <strong>de</strong> 1933 até 1937 ocorreu a construção da nova capital, Goiânia, cida<strong>de</strong><br />
planejada para 50 mil habitantes. Em 1937 foi realizada a transferência <strong>de</strong>finitiva da<br />
capital, da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás para a cida<strong>de</strong> recém-construída. A nova cida<strong>de</strong> cresceu<br />
rápido,<br />
em 1940, a população urbana da cida<strong>de</strong> era <strong>de</strong> 18.889 habitantes; <strong>de</strong>stes mais<br />
<strong>de</strong> 60% residiam no Bairro <strong>de</strong> Campinas. Em 1950, a população urbana da<br />
cida<strong>de</strong> era <strong>de</strong> 40.333 habitantes; em 1955, era <strong>de</strong> 74.781. Já em 1960, a<br />
população urbana elevou-se para 133.462 habitantes (OLIVEIRA, 1999, p. 48).<br />
Goiânia era uma cida<strong>de</strong> que aglutinava em torno <strong>de</strong> si o imaginário <strong>de</strong> cida<strong>de</strong><br />
mo<strong>de</strong>rna. Enquanto a Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás representava o atraso e o arcaísmo, Goiânia era<br />
caracterizada como símbolo do progresso e do <strong>de</strong>senvolvimento, principalmente<br />
econômico, como atestam os próprios relatórios enviados por Pedro Ludovico a Getúlio<br />
Vargas nesta época, que se referia à cida<strong>de</strong> como “progressista”, “projetada e edificada<br />
sob a mais rigorosa e atenta assistência técnica, dotada <strong>de</strong> todos os benefícios que a<br />
mo<strong>de</strong>rna ciência urbanista proporciona” 36 .<br />
Por ser uma cida<strong>de</strong> planejada, a população <strong>de</strong> Goiânia foi formada maciçamente<br />
por imigrantes do interior <strong>de</strong> Goiás e <strong>de</strong> outros estados, principalmente Minas Gerais,<br />
Bahia e São Paulo (OLIVEIRA, 1999, p. 75). “Atraídos pelas promessas <strong>de</strong><br />
enriquecimento e doação <strong>de</strong> lotes, sem uma formação profissional <strong>de</strong>finida, mudaram-se<br />
para o <strong>de</strong>scampado goiano” (SILVA, 2006, p. 26), formando assim as primeiras<br />
36 Pedro Ludovico Teixeira, 1939 p. 28. In: SILVA, 2006, p. 22.<br />
72