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UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG

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ela, varrida pelos ventos ecumênicos que sopraram do Concílio Vaticano II<br />

(NEGRÃO, 1996, p. 99).<br />

É neste período, no final <strong>de</strong> década <strong>de</strong> sessenta, que ela chegou a seu ápice, com<br />

“nada menos que 91,1% dos novos registros sendo <strong>de</strong> terreiros <strong>de</strong> Umbanda, frente a<br />

4,7% <strong>de</strong> centros espíritas e 4,2% <strong>de</strong> Candomblé” (NEGRÃO, 1996, p. 101). Outra<br />

característica <strong>de</strong>ste período foi a tentativa, por parte <strong>de</strong> algumas fe<strong>de</strong>rações, <strong>de</strong> buscar<br />

uma unificação ritualística e doutrinária da Umbanda. Este foi o caso, por exemplo, do<br />

II Seminário Paulista <strong>de</strong> Umbanda, realizado em 1976, que tinha por objetivo<br />

“padronizar as chamadas ‘sete linhas da Umbanda’”. Apesar da tentativa, esta<br />

padronização “não prevaleceu nos terreiros, que continuaram a adotar as linhas segundo<br />

as concepções particulares <strong>de</strong> seus pais-<strong>de</strong>-santo” (NEGRÃO, 1996, p. 114).<br />

Tal fato <strong>de</strong>monstra como a relação dos terreiros com suas fe<strong>de</strong>rações é fluida, e<br />

como a religião se estabelece na legitimação do lí<strong>de</strong>r do terreiro ou pai-<strong>de</strong>-santo. É ele<br />

que <strong>de</strong>fine os limites do ritual, como este é realizado e quais elementos serão utilizados<br />

por ele para compor seu culto, assim como as crenças religiosas difundidas em seu<br />

terreiro. Isto faz com que a religião umbandista se apresente como uma religião<br />

<strong>de</strong>scentralizada e consequentemente híbrida, composta <strong>de</strong> elementos diversos e que é<br />

capaz <strong>de</strong> se transmutar em uma infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> práticas e crenças diferentes, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo<br />

apenas da disposição e vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu pai-<strong>de</strong>-santo na formação <strong>de</strong> sua prática religiosa<br />

cotidiana. Como <strong>de</strong>finimos em trabalho anterior,<br />

seu crescimento [da Umbanda] ao longo <strong>de</strong> todo este período se <strong>de</strong>u em duas<br />

frentes distintas. “De um lado, ao expandir-se, (a Umbanda) atingia setores da<br />

classe alta, e <strong>de</strong> outro lado era invadida pelo Candomblé.” (NEGRÃO, 1996, p.<br />

122). O crescimento polarizado continuou, portanto, presente <strong>de</strong>ntro da<br />

Umbanda. Isso foi possível graças ao intenso hibridismo que a marcou <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

seu início, não tendo ela nascido com corpo doutrinário estabelecido e mo<strong>de</strong>los<br />

fechados <strong>de</strong> rituais. Pelo contrário, cada pai-<strong>de</strong>-santo, cada chefe <strong>de</strong> centro<br />

manteve sua autonomia para conduzir o culto conforme seus interesses e<br />

conhecimentos, po<strong>de</strong>ndo agregar elementos <strong>de</strong> diversas outras religiosida<strong>de</strong>s,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a doutrina kar<strong>de</strong>cista até elementos das chamadas religiões da Nova Era<br />

(NOGUEIRA, 2005, p. 33).<br />

Tal crescimento da religião umbandista se fez sentir em todo o país, fazendo<br />

com que pela primeira vez esta religião pu<strong>de</strong>sse ser observada em outros contextos,<br />

além dos já citados aqui (Rio <strong>de</strong> Janeiro e São Paulo). Em Goiânia não po<strong>de</strong>ria ser<br />

diferente, com o surgimento dos primeiros terreiros e casas <strong>de</strong>stinadas à prática <strong>de</strong>sta<br />

religião. É, portanto, a partir da década <strong>de</strong> cinquenta, quando a Umbanda passa a se<br />

expandir em todo o país, que Goiás passa a observar o surgimento <strong>de</strong> alguns terreiros<br />

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