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UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG

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Até mesmo a origem da palavra Umbanda, que para muitos autores seria<br />

africana, proveniente da língua kimbundo, foi colocada por alguns intelectuais como<br />

sendo <strong>de</strong> origem sânscrita, através do termo AUMBANHÃ, tendo<br />

o prefixo aum uma alta significação metafísica; é ele consi<strong>de</strong>rado sagrado por<br />

todos os mestres do Orientalismo, pois representa o emblema da Trinda<strong>de</strong> na<br />

Unida<strong>de</strong>... Bandhã significa o movimento constante ou a força centrípeta<br />

emanada do Criador, e que envolve e atrai a criatura para a perfectibilida<strong>de</strong><br />

(FERNANDES, 1942, p. 21-23 32 apud BASTIDE, 1989, p. 443).<br />

Ainda sobre a origem do termo, Zeca Ligiéro complementa que<br />

apesar <strong>de</strong> todos conhecerem os sérios estudos etimológicos que apontavam<br />

para a origem africana (banto) da palavra Umbanda, foi adotada a improvável<br />

versão <strong>de</strong> que o termo <strong>de</strong>riva da expressão sânscrita Aum Bandhã (LIGIÉRO;<br />

DANDARA, 1998, p. 123).<br />

Tais histórias míticas sobre as origens da Umbanda tinham como objetivo<br />

colocá-la em uma situação <strong>de</strong> aceitação social, distanciando-a <strong>de</strong> sua herança africana, e<br />

forjando assim um passado mítico distante e uma origem filiada à prática kar<strong>de</strong>cista.<br />

Segundo Artur César Isaia, por exemplo,<br />

o peso do Espiritismo kar<strong>de</strong>cista na formação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> dos primeiros<br />

umbandistas é bastante gran<strong>de</strong> no Brasil. (...) Os intelectuais da nova religião,<br />

ao tentarem uma racionalização <strong>de</strong> seus princípios, passavam a apresentá-la<br />

como uma modalida<strong>de</strong> do Espiritismo, acrescida do ritual, inexistente no<br />

Kar<strong>de</strong>c ismo. O Espiritismo francês do século XIX, na ótica dos intelectuais <strong>de</strong><br />

Umbanda, era reinterpretado em terras brasileiras, dotado <strong>de</strong> uma característica<br />

que lhe facultava um acesso mais direto às massas: o ritual <strong>de</strong> natureza<br />

sincrética (ISAIA, 2006, p. 4).<br />

Em outro artigo, ele conclui que<br />

o esforço da nascente Umbanda em projetar uma imagem distante da<br />

marginalida<strong>de</strong>, da incultura e da licenciosida<strong>de</strong>, caracteriza uma explícita<br />

tentativa <strong>de</strong> legitimação diante <strong>de</strong> saberes que com ela se confrontavam (do<br />

Estado, da medicina oficial, do catolicismo, do Kar<strong>de</strong>c ismo, etc.) (ISAIA,<br />

S/D-a).<br />

Assim, durante praticamente toda a primeira meta<strong>de</strong> do século XX, a Umbanda<br />

se caracteriza por uma tentativa <strong>de</strong> aproximação com o Espiritismo <strong>de</strong> cunho kar<strong>de</strong>cista.<br />

32 FERNANDES, Diamantino Coelho. O Espiritismo <strong>de</strong> Umbanda na Evolução dos Povos. In: Primeiro<br />

Congresso Brasileiro do Espiritismo <strong>de</strong> Umbanda. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Jornal do Comércio, 1942.<br />

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