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UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG

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Moraes como o nascimento “oficial” da Umbanda, eles buscam também estabelecer as<br />

origens míticas <strong>de</strong>sta religião. Durante este I Congresso <strong>de</strong> Umbanda, realizado no Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro em 1941, vários relatos concorrem entre si pela busca <strong>de</strong> se legitimarem, mas<br />

<strong>de</strong> certa forma, todos têm algo em comum: o distanciamento e <strong>de</strong>svalorização <strong>de</strong> seu<br />

passado africano.<br />

A tese <strong>de</strong> Diamantino Coelho Fernan<strong>de</strong>s foi a mais aceita neste congresso.<br />

Segundo ele, a prática da Umbanda remonta ao lendário e extinto continente da<br />

Lemúria, povoada por ancestrais da raça negra, que por terem abusado <strong>de</strong> seu po<strong>de</strong>r,<br />

teriam causado a <strong>de</strong>struição do continente. Ele continua afirmando que<br />

morta, porém, a antiga civilização africana, após o cataclismo que <strong>de</strong>struiu a<br />

Lemúria, empobrecida e <strong>de</strong>sprestigiada a raça negra, - segundo algumas<br />

opiniões, <strong>de</strong>vido à sua <strong>de</strong>smedida prepotência no passado, em que chegou a<br />

escravizar uma boa parte da raça branca – os vários cultos e pompas religiosas<br />

daqueles povos sofreram então os efeitos do embrutecimento da raça, vindo, <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>grau em <strong>de</strong>grau, até ao nível em que a Umbanda se nos tornou conhecida<br />

(FERNANDES, 1942, p. 46-47).<br />

Segundo esta teoria, após a queda da Lemúria, os conhecimentos da Umbanda<br />

teriam caído nas mãos dos negros africanos, que teriam então “<strong>de</strong>turpado” seus<br />

conhecimentos por milhares <strong>de</strong> anos, chegando até nós brasileiros no estágio em que<br />

encontramos as práticas mágicas africanas, ou seja, um estágio consi<strong>de</strong>rado por eles<br />

como <strong>de</strong> barbárie e selvageria. Outros autores umbandistas como Emanuel Zespo (1953)<br />

e Rivas Neto (1991) trazem teorias semelhantes a estas, com pequenas variações no<br />

conteúdo e na forma com que se apresentam.<br />

Em outra narrativa, a África é colocada como origem da Umbanda, mas somente<br />

a partir do Egito, civilização que goza <strong>de</strong> prestígio e reconhecimento na história da<br />

humanida<strong>de</strong>. O restante do continente é responsabilizado pela “<strong>de</strong>turpação” que esta<br />

religião teria sofrido em terras africanas:<br />

31 BENTO. W. L. A Magia no Brasil. S/D.<br />

A Umbanda vem da África, não há dúvida, mas da África Oriental, isto é, do<br />

Egito... O barbarismo africano que impregna os ecos chegados até nós <strong>de</strong>ssa<br />

gran<strong>de</strong> linha iniciática do passado, se <strong>de</strong>ve às <strong>de</strong>turpações às quais são<br />

naturalmente sujeitas as tradições verbais, sobretudo quando elas têm <strong>de</strong> vencer<br />

o espaço e o tempo, e atravessar meios e épocas mal adaptados às gran<strong>de</strong>zas e à<br />

luz resplan<strong>de</strong>cente <strong>de</strong> seus ensinamentos (BENTO, S/D, p. 119 31 apud<br />

BASTIDE, 1989, p. 442).<br />

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