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UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG

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tendo sido processado e con<strong>de</strong>nado a seis anos <strong>de</strong> prisão em 1871. Segundo estudo <strong>de</strong><br />

Gabriela Sampaio, Juca Rosa era um “po<strong>de</strong>roso feiticeiro”, que em seus rituais “unia<br />

procedimentos rituais, manipulação <strong>de</strong> forças sobrenaturais e também remédios feitos<br />

<strong>de</strong> ervas, juntamente com rezas e velas acesas para ‘Senhora Santa Ana’ e ‘Senhor do<br />

Bonfim” (SAMPAIO, 2005, p. 35).<br />

Já nesta época encontramos o termo macumba para <strong>de</strong>signar este tipo <strong>de</strong> prática<br />

mágico-religiosa <strong>de</strong> cunho individual, baseado na figura dos “feiticeiros negros”. Juca<br />

Rosa, por exemplo, seria conhecido na época como “chefe das macumbas”, e segundo<br />

Gabriela Sampaio, “a macumba em questão não era mais que um instrumento musical<br />

<strong>de</strong> pau riscado (algo semelhante ao reco-reco), tocado por Juca em noites <strong>de</strong> festas”<br />

(SAMPAIO, 2005, p. 34). Esta seria possivelmente a origem do termo macumba, que<br />

logo passaria a <strong>de</strong>signar as diversas práticas mágico-religiosas, geralmente <strong>de</strong> negros, e<br />

que misturavam em seus rituais práticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scendência africana com elementos<br />

católicos.<br />

Se, <strong>de</strong> certa forma, “a associação <strong>de</strong> Rosa não po<strong>de</strong> ser classificada como algo<br />

idêntico ao Candomblé ou a Umbanda que se conhece hoje” (SAMPAIO, 2005, p. 35),<br />

sua existência se insere em um conjunto <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scendência africana que se<br />

tornavam comuns a partir do séc. XVIII, e continuaram ao longo do séc. XIX, como<br />

<strong>de</strong>monstramos. Tais práticas viriam a se constituir num quadro religioso complexo e<br />

diversificado, como po<strong>de</strong>mos perceber pela análise <strong>de</strong> João do Rio das religiões<br />

cariocas na virada do séc. XIX para o XX, povoados <strong>de</strong> feiticeiros, babaloxás, pais-<strong>de</strong>-<br />

santo, iauôs, ao lado <strong>de</strong> espíritas, satanistas, exploradores, e muitos outros personagens<br />

que compõem o relato <strong>de</strong> sua aventura pelos morros cariocas (RIO, 1976).<br />

Foi o conjunto <strong>de</strong>stas práticas mágicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scendência africana praticadas em<br />

sua maior parte por negros e mulatos dos morros cariocas que ficaram conhecidas como<br />

Macumbas. Segundo Arthur Ramos,<br />

“Macumba” é hoje um termo genérico em todo o Brasil, que passou a <strong>de</strong>signar<br />

não só os cultos religiosos do negro, mas várias práticas mágicas – <strong>de</strong>spachos,<br />

rituais diversos... que às vezes só remotamente guardam pontos <strong>de</strong> contato com<br />

as primitivas formas religiosas transplantadas da África para cá (RAMOS,<br />

2001, p. 143).<br />

Dentro <strong>de</strong>ste quadro diverso, uma das práticas <strong>de</strong>scritas no final do séc. XIX e<br />

início do XX por um prelado brasileiro, D. João Correia Nery, cuja <strong>de</strong>scrição é citada<br />

tanto por Nina Rodrigues quanto por Arthur Ramos, guarda gran<strong>de</strong>s similitu<strong>de</strong>s com um<br />

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